O Índice de Competitividade Municipal calculado pelo Sebrae-MG e divulgado no fim de 2013 colocou Sete Lagoas entre as dez cidades do estado que mais favorecem o surgimento de novos empreendimentos e estimulam o crescimento dos pequenos negócios. O ranking foi criado em 2009 e se baseia na performance econômica, suporte aos negócios, capacidade de alavancagem do governo, quadro social e infraestrutura de cada município.
Para comprovar que a cidade está se desenvolvendo nessa questão conversamos com Arilho Abreu Garcia (Tim) proprietário da Baúsete, única empresa da cidade especializada em reforma e construção de baú para caminhões. Um estudo de mercado mostrou que a possibilidade de o negócio não emplacar era pequena diante da demanda. Com visão de mercado e experiência conseguida na área, Tim se organiza para em 2014 expandir seu leque de produtos e aumentar a produção de baús. A Baúsete está no mercado há pouco mais de dez anos e tem como clientes a maioria das grandes empresas da cidade.
SeteLagoas: Como e por que iniciar o negócio no ramo de baú de caminhão?
Quando iniciamos as atividades foi por causa de uma necessidade de mercado. Trabalhei na Amaral bebidas durante 12 anos como motorista e depois passei para gerente de frota. E lá tinha essa demanda nos caminhões de bebida com carroceria “sider” e tínhamos dificuldade na manutenção. Foi onde a gente começou a comprar peças, trazer para dentro da empresa e nós mesmos montávamos dentro da dificuldade de mercado que não tinha isso aqui. Se fosse para Belo Horizonte o custo seria muito alto, o deslocamento muito difícil. Por isso, comecei a aprender a ter a visão da necessidade desse mercado em Sete Lagoas. Fiz um curso de economia no Unifemm e fui criando essa expectativa de trazer esse negócio para a realidade da cidade. Foi feito um estudo de mercado com o público alvo, potenciais clientes, fornecedores, localização, investimento necessário e fomos trabalhando em cima disso. Com o passar do tempo saí da Amaral Bebidas e fui trabalhar na Sete Lagos Transportes. Lá também tivemos dificuldades e aprendi a mexer com baú de alumínio também.
SeteLagoas:Em Sete Lagoas não tinha ninguém no ramo de manutenção de baús?
Tinha apenas quem fazia um pouco, que era a Turbo Freios, mas não tinha especialização. E eles (Turbo Freios) só atendiam a Elma Chips que era o que tinha de maior no mercado. Aí fui atrás do meu amigo Gleison (Turbo Freios) e disse que estava querendo montar uma empresa para reformar baú. Ele me deu o maior apoio e disse que a Elma Chips precisava de alguém nessa área de reforma de baú porque já atendia na área de freios. Ele me passou o estoque, maquinário e até um funcionário que está comigo até hoje que foi peça chave na nossa empresa. A partir daí começamos a desenvolver projetos, parcerias e as empresas onde trabalhei passaram a ser clientes. Mas o grande diferencial foi a visão que dá um curso superior porque as oportunidade estão aí para todos, a diferença é saber enxergar. Só sei enxergar uma chance de mercado se eu tiver olhos voltados para o negócio. Tivemos várias ajudas, mas a empresa está aqui hoje por causa da falta de mão de obra no mercado da cidade.
SeteLagoas: Recentemente Sete Lagoas foi eleita pelo Sebrae uma das dez cidades do Estado com mais competitividade municipal. Pela experiência e visão de mercado você acredita que a cidade está mesmo nesse caminho de evolução e expansão?
Tenho plena certeza e convicção. A gente está trabalhando e tentando legalizar a nossa empresa ao porte de poder atender as maiores empresas que estão em Sete Lagoas. Nossa visão agora é de legalização, o que é burocrático, a legalização total, para que a gente possa atender a Iveco. A Iveco é uma das empresas que vende a maior quantidade de baús ultimamente. Eles estão fazendo essa compra fora da cidade porque no nosso mercado ainda não tem. Essa legalização, além de ser a passos lentos, tem que acontecer com um “know how” (experiência) para poder atender. Então estamos indo com esse intuito. Nosso crescimento não é a nível nacional, se crescermos no nível de conseguir atender as necessidades que a Iveco e que o nosso mercado interno tem, pra mim é satisfatório. Então, com essa visão, tenho certeza que várias outras empresas trazendo essa noção também poderão atender outros mercados, como inúmeras que tem aqui. Tem outras empresas de grande porte que precisam de parceiros para que atenda o mercado nacional.
SeteLagoas: A sua empresa está voltada e atende exclusivamente empresas de Sete Lagoas. A cidade até então não tinha essa prestação de serviço. A Baúsete mostra bem que a cidade pode evoluir e gerar economia aqui mesmo?
Sim. A única coisa que a gente precisa de mudar em nosso pensamento é que Belo Horizonte é metrópole, capital e Sete Lagoas é cidade do interior. Nossa qualidade de prestação de serviço e mão de obra está tão, ou mais competitiva que a de Belo Horizonte. Eu tenho uma carteira (de clientes) aqui. A maioria das grandes transportadoras de Belo Horizonte faz serviço aqui. A população sete-lagoana precisa enxergar que Sete Lagoas tem fama de careira e não é, e tem especialização melhor que lá fora. A população deve acreditar que estamos nesse nível, para maior! Estamos no interior e o interior resolve melhor que a capital.
SeteLagoas: Para que isso desenvolva aqui na cidade você acredita que o município dá esse suporte para quem tem uma visão de negócios e enxerga uma demanda necessária? A prefeitura está preparada para atender e dar esse suporte?
Acredito que sim. Já conversei com a secretária de Desenvolvimento e a gente percebe o interesse de moldar, ou fazer parcerias com as micro e pequenas empresas para que a gente fortaleça e blinde o nosso mercado. Essa blindagem que a prefeitura está oferecendo é voltada no intuito de a gente ter condições de sair de um aluguel, por exemplo, e ter um terreno para abrir indústrias, áreas industriais igual a prefeitura está abrindo. Nós estamos com um processo em estruturação, já foi solicitado isso na prefeitura e tivemos o maior apoio para alavancar mais esse passo, que seria o primordial para uma empresa. A prefeitura recebeu de portas abertas e me auxilia bastante para que a gente dê o passo firme e consiga esse objetivo. É o ponto principal que a prefeitura pode fazer. Acolher as empresas, ouvir as necessidades e mediante a possibilidade dar esse apoio.
SeteLagoas: Como empresário o que você acredita que Sete Lagoas precisa para se desenvolver ainda mais economicamente, para o dinheiro circular mais dentro da cidade e o pessoal parar de procurar as empresas de Belo Horizonte?
Acredite em Sete Lagoas, acredite no sete-lagoano, visite as oficinas e procurem saber. Se não fizer o serviço leve pelo menos um orçamento. Aqui tem bons profissionais e excelentes empresas. Depois que a população fizer isso ela vai sentir segurança para fazer, executar e trazer para Sete Lagoas o que leva para fora. Essa é minha esperança e expectativa.
SeteLagoas: O que você diz hoje para quem tem a intenção de abrir um negócio, uma empresa em Sete Lagoas, qual é o caminho das pedras, se é que tem?
Não, não tem nenhuma receita de bolo. Tem as oportunidades que a gente precisa saber enxergar. O principal de tudo é saber escolher e ter parcerias. O saber escolher é como eu disse anteriormente, saber enxergar o que é o mercado, quem é o mercado, como é o mercado e quando atuar. Os estudos em si já garantem isso. O restante é por a mão na massa. Ninguém nasce sabendo. É ter coragem e consciência do que está fazendo. Saber procurar as pessoas certas, trabalhar com o banco certo para cada seguimento porque oportunidades têm inúmeras. Quando a gente fala de olhar as oportunidades, fala simplesmente de olhar ao seu redor. O que acontece hoje em dia, mediante a cultura nossa, é que você quer só pra você e o restante ninguém pode ter. Se a gente largar isso de mão e dividir os conhecimentos a gente tem tudo na vida.
SeteLagoas: Sete Lagoas é a nona cidade do estado nesse índice de competitividade municipal. O que você acredita que o município precisa fazer para subir nesse ranking?
Na minha visão faltam duas coisas: estrutura e segurança. Nós temos que estruturar nossa cidade para que receba todo esse pólo comercial e desove seus produtos. O prefeito está tendo essa visão. Esse passo que ele está fazendo é o primordial para em pouco tempo Sete Lagoas se tornar a número um. E o segundo é a segurança. É notória a diferença da segurança em Sete Lagoas. Eu não saio da empresa e vou ao centro da cidade sem passar por cinco viaturas daqui ao centro. Acho que nós estamos no caminho certo. Basta que a gente consiga enxergar para os próximos prefeitos tomarem ciência disso também. O prefeito atual vai dar o primeiro passo, mas os últimos passos serão dos outros prefeitos. Se continuar nessa linha de raciocínio a gente fica enorme.
Por Marcelo Paiva.