Inspirado pela ditadura e pelo inconformismo ao presenciar cenas marcantes durante a infância, Quin Drummond resolveu usar sua câmera como arma e começou a registrar imagens duras, mas poéticas.
A injustiça, a desigualdade e a falta da liberdade de expressão foram os motivos para investir na profissão e ter voz através das imagens. Após muitas experiências com jornais, revistas e agências de publicidade, Quinn descobriu na fotografia social uma grande paixão; dividir com os clientes as emoções e participar dos momentos mais importantes e mais felizes de suas vidas.
Fotógrafo oficial do Festival Enogastronômico de Sete Lagoas, que acontece em outubro, Quin Drummond está registrando cada detalhe dos pratos e vinhos escolhidos pelos sete restaurantes participantes. Essa parte ele ainda não pode contar pra gente, mas, enquanto as fotos não são divulgadas, confira a entrevista com esse grande profissional que tem muita história pra contar!
SeteLagoas.com.br: Conte para nós um pouco da sua trajetória profissional, suas experiências e como iniciou a carreira de fotógrafo.
Inicialmente nunca havia pensando em ter a fotografia como profissão. Na verdade ela surgiu para mim em um momento muito delicado na história do nosso país. Sempre fui amante da liberdade e nunca consegui entender pessoas passarem fome em um país tão rico. Minha educação dos 10 aos 14 anos foi de internato no Seminário Pio XII, no ano de 1964 ele foi invadido pelos militares e meus professores presos. O que me inspirou a fotografar foram as indagações que vieram a seguir: injustiça, desigualdade, a falta da liberdade de expressão. Minha câmera seria uma forma de mostrar através dessa arte o meu inconformismo. Naquele tempo recusava ver as coisas belas, as imagens eram duras, mas poéticas. Dessa época fiz duas mostras, uma aqui em Sete Lagoas, em Preto e Branco, os contrates de uma cidade em desenvolvimento, e a outra em BH, que retratava a vida à luz do dia de prostitutas.
Ao final do regime militar, ainda como funcionário do Banco do Brasil optei por fazer da fotografia minha profissão. Este trabalho seguiu uma trajetória São Paulo/Belo Horizonte atendendo a jornais, revistas e agências de publicidade. Até que, finalmente, de retorno à Sete Lagoas iniciei a fotografia também para casamento, um trabalho que a cada dia me fascina mais por vivenciar uma relação bem próxima dos grande momentos de felicidade das pessoas. Durante todo este tempo continuei ainda documentando dentro do contexto sócio/político e cultural, criando um grande acervo de imagens.
SeteLagoas.com.br: Você não é natural de Sete Lagoas. Há quanto tempo reside na cidade?
Nasci em Quixadá no Ceará. Muita gente até acha engraçado, mas a verdade é que meu pai (já falecido) é natural aqui de Sete Lagoas e como funcionário do Banco do Brasil acabou casando com minha mãe que é de lá. Mas fora as idas e vindas para São Paulo e BH, moro aqui desde criança.
SeteLagoas.com.br: Como fotógrafo oficial do Festival Enogastronômico de Sete Lagoas, você pode nos contar qual é o segredo para o sucesso na fotografia culinária?
A fotografia de gastronomia ela tem que inspirar desejo, como se diz “encher os olhos e dar água na boca”, a iluminação é fundamental.
SeteLagoas.com.br: Atualmente quais os segmentos em que você mais atua?
Produções em estúdio e externas para publicidade, books, 15 anos e mais intensamente as fotografias de casamento.
SeteLagoas.com.br: Como profissional da fotografia e admirador da cidade, como você avalia a realização do Festival Enogastronômico e a importância desse evento para a cidade?
Olha, acho o festival de uma significância ímpar para Sete Lagoas. Primeiro que, além daquele aroma delicioso, os nossos olhos ficam brilhando pela beleza e primor como os chefs de cozinha preparam os pratos e a degustação harmonizada nem se fala! Deveria fazer parte de um calendário permanente da cidade, grande atração turística e cultural.
Como fotógrafo acho fascinante porque a gastronomia também é uma arte, a textura, as cores e a história que existe atrás da criação de cada prato, é incrível.
SeteLagoas.com.br: Com o mercado tão concorrido e com a chegada de novos profissionais que se dedicam à fotografia, o que realmente faz diferença e consagra um profissional?
O mercado a cada dia, em todos os setores, se torna cada vez mais competitivo.No caso específico da fotografia pelo que percebo o nível de qualidade dos profissionais da cidade melhorou muito, a própria internet e os mais variados cursos e workshops disponibilizados atualmente facilitam isto. O que vejo hoje diante dessa grande competitividade é a necessidade em oferecer muito mais que um trabalho criativo e de qualidade, no caso do casamento mesmo. Hoje é muito debatida a questão da relação pessoal e afetiva com o cliente. Você não comercializa apenas um produto, o fotógrafo acaba fazendo parte integrante de uma história entre duas pessoas que estão construindo suas vidas, e aí não há como esquecer o sentimento, o coração vai ter que estar muito presente.
SeteLagoas.com.br: Para os leitores amantes da fotografia e que se interessam pelo assunto, quais as dicas de um profissional experiente como você?
Minha dica é esta: LUZ, AÇÃO E MUITO CORAÇÃO!
SeteLagoas.com.br: Tem algum motivo especial que você goste de registrar? Algum ponto da cidade ou alguma cena do dia-a-dia?
O amante da fotografia, seja profissional ou não, se torna um verdadeiro caçador de imagens e aqui na nossa cidade são muitos os belos lugares, basta ter sensibilidade e o olhar para ver isto. Costumo dizer que o belo de tanto ser visto acaba ficando feio, por isso é que muitas vezes as próprias pessoas da cidade não acham mais graça nas belezas naturais da sua cidade. Quem nunca teve aquela sensação e ao retornar após uma longa viagem percebe que a beleza ainda está aí, diante dos nossos olhos?
Confira algumas imagens feitas pelo fotógrafo:
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Para conhecer mais o trabalho desse grande profissional acesse www.quindrummond.com.br ou visite a página no Facebook: https://www.facebook.com/quindrummond. Mais informações pelo (31) 3774-5502 ou (31) 9689-8358.
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Por Juliana Nunes