O cantor Nando Teixeira traz em sua música muita brasilidade e mineiridade mesmo depois de uma longa experiência se apresentando em Portugal onde também conquistou reconhecimento e carinho dos lusitanos.
Envolvido com música desde criança o sete-lagoano conquista a atenção dos espectadores de sua música. Nando Teixeira e Trio, projeto atual com os músicos Beto Teixeira (contrabaixista) e Markus Kupertino (bateria), são atração na Noite Enogastronômica no próximo dia 13. A festa que marca o encerramento do II Festival Enogastrônomico. Os ingressos já estão a venda, veja AQUI.
Você começou a se envolver com música muito cedo, como foi o início da sua carreira?
Respondendo a sua primeira pergunta, o meu início de carreira se deu aqui em Sete Lagoas. Comecei a me envolver com a música desde menino. Quando adolescente, participei em festivais de música e também fiz parte de alguns grupos com amigos e músicos aqui de nossa cidade. Aos 20 e poucos anos me profissionalizei como músico, tocando em bares e outros eventos e com o tempo, o ofício de músico se firmou supletivamente aos outros ofícios que fui adquirindo no meu percurso de vida.Em meados de 1999, mudei-me para a cidade de Montes Claros, no Norte de Minas. A minha mudança para essa cidade foi um divisor de águas em minha vida pessoal e principalmente como músico. Lá em Montes Claros, além de boas e verdadeiras amizades, reciclei os meus estudos de música estudando violão-clássico no conservatório de música. O contato com a música clássica ajudou significativamente na minha maneira tocar e compor. A cidade de Montes Claros é muito musical. Lá fiz amizades e encurtei laços com grandes músicos e amigos. Entretanto, 2003, o destino me conduziu para outros ares, ou melhor, diria, outros mares. Mudei-me de mala, cuia e violão para Porto, em Portugal, o que já é um capítulo longo de minha vida e mereceria até um livro.
Como foi a decisão de se mudar para Portugal e trabalhar lá como músico?
Em 2003, cheguei ao Porto, com o medo e a coragem de todo imigrante. Na altura de minha partida, o nosso país passava por mudanças na economia e na política, portanto, imigrar foi mais uma alternativa para lutar por melhores dias em minha vida. Foi uma combinação de acasos a minha ida para Portugal. Ainda em Montes Claros, eu participava como músico de um grupo de músicas e danças folclóricas, o Grupo Banzé. Este Grupo é um dos poucos do Brasil com relevância internacional. Este grupo tinha uma viagem marcada para Europa, precisamente, Portugal e Espanha.
Depois de muito refletir sobre a minha vida, optei pelo inesperado e decidir comprar a minha passagem, ir me apresentar com o grupo e por lá ficar para tentar a sorte. Entretanto, outro acaso surgiu. Eu tinha um grande amigo músico que havia imigrado para Portugal já há alguns anos. Uns dois anos antes de minha ida para Portugal, eu estava tocando em um bar de Montes Claros, quando um dos clientes que lá estavam presentes, elogiou o meu trabalho. Conversando um pouco mais com essa pessoa, descobri que ele era da mesma cidade desse meu amigo e também o conhecia. Olha aí o primeiro acaso! Após me dar notícias desse amigo, ele anotou o meu telefone em sua agenda com a promessa de entregar o meu número de telefone para o pai desse amigo, em sua cidade. Como tinha dito antes, isso foi aproximadamente em 2001 e já em 2003, quase nas vésperas de decidir imigrar de vez, recebo uma chamada de Portugal desse amigo, que tinha recebido outra chamada do seu pai que acabara de receber o meu número tardiamente. Esse amigo estava gravando o seu primeiro CD lá em Portugal e precisava de algumas canções. Foi uma combinação de coincidências, pouco tempo depois eu parti para Portugal.
O que a experiência em Portugal agregou a sua música?
Já com os pés e alma fixados em Portugal, a minha vida foi desenvolvendo. As minhas ferramentas de trabalho era a coragem, a minha voz e o violão. Bem no inicio de minha nova vida naquele país, eu tocava em restaurante e bares. Aos poucos fui fazendo amigos e expandindo o meu trabalho como músico. Tive que aprender a tocar de tudo, além da música Brasileira, músicas de outras nacionalidades e também, a música popular Portuguesa. Em pouco tempo, de acordo com a necessidade fui substituindo o violão pela guitarra elétrica. Passei a tocar em bandas e paralelamente a minha vida de músico, completei os estudos no país.
À medida que os anos foram passando, a experiência de músico estrangeiro naquele país também aumentou. Tive a oportunidade de tocar com muitos músicos de diversas nacionalidades. Nos últimos dois anos de minha residência em Porto, eu fui convidado a trabalhar numa companhia de Navios de Cruzeiros Portuguesa, que fazia semanalmente cruzeiros pelo Rio Douro (Rio que nasce em Espanha e deságua no mar de Portugal). Aceitei o convite e o desafio, pois nunca havia um trabalho dessa natureza.
Foi uma experiência muito importante, pois tinha que cantar quase tudo em inglês, até samba. O desafio do dia a dia nos torna mais fortes e nem nos damos conta disso. Entretanto depois de muito refletir, decidir que era o momento de regressar para o Brasil.
Como é o seu repertório atualmente que será apresentado na Noite Enogastronômica?
Regressei para o Brasil nas vésperas do natal de 2012. Desde então, de volta a nossa cidade, entrei na faculdade de Direito, além de recomeçar os meus trabalhos como músico aqui.
Aqui, tenho feito muitas parcerias musicais. Faço um trabalho de músicas autorais com uma cantora muito talentosa de Sete Lagoas, a Glaucia Coutinho. Paralelamente a esse nosso trabalho, resolvi juntamente com o meu irmão que é um talentoso baixista e também com o auxílio luxuoso da bateria de outro talentoso amigo, Markus Kupertino, criar um trio para tocar MPB (Música Popular Brasileira). A nossa proposta é resgatar a nossa boa MPB, fazendo releituras de clássicos da nossa música, mesclando com músicas mais novas desse estilo e passando também pela Bossa Nova e pelo o Samba, fazendo uma viagem por seleções de canções já imortalizadas em nossas memórias.
Por Nayara Souza.