Uma tragédia anunciada e promovida pela gestão: o Atlético é rebaixado para a Série A2 do futebol feminino. Com apenas um empate e 11 derrotas, o time perdeu mais uma vez, e nem um milagre garante a permanência na primeira divisão. E quem são os responsáveis?
Primeiro, vamos falar sobre a partida que decretou o virtual descenso: ocorrido em Contagem nesse domingo (16), as Vingadoras foram derrotadas por 2 a 1 para o Avaí Kindermann, que era o vice-lanterna da competição (com sete pontos).
Aos 12 minutos do primeiro tempo, o time catarinense abriu o placar com Lourdes, numa cobrança de escanteio, logo aos 12 minutos do primeiro tempo. O empate do Galo saiu na segunda etapa, com a zagueira Thamirys, aos 20 minutos. Porém, o Avaí Kindermann virou com uma cobrança de falta de Michelle.
Somando 1 ponto, com 13 rodadas já disputadas, não é cedo falar que as Vingadoras estão rebaixadas: a próxima partida será contra o Grêmio, no dia 27 de junho, por partida atrasada da 11ª rodada.
Triste fim
O futebol feminino no Atlético é tratado com o desacaso – e o desdém de quem nunca ligou para a modalidade, a que mais cresce em todo o mundo. Agora com “donos”, o desmonte da categoria vem desde o ano passado, com a falta de investimento que culminou com o fechamento das categorias de base feminina, em janeiro deste ano.
A troca de técnico (questionada) e a falta de comando na categoria fazem com que as Vingadoras amarguem 12 derrotas em 13 rodadas na Série A1 – “vexame” é uma palavra muito branda para resumir a campanha. Treinando em campos cada vez mais amadores (de um clube que “agora tem estádio”, e tem um dos CTs mais avançados no Brasil), as meninas sentiram a pressão: em uma das derrotas, jogadoras saíram chorando.
Lá no primeiro parágrafo, é feita a seguinte pergunta: “e quem são os responsáveis?”. Simples, torcedor, são os donos da SAF. Incensados como os “gestores atleticanos”, os “salvadores” e outros adjetivos de fazer invejar o “Rei do Elogio” (procure no YouTube), a última cartada para ajudar as atletas foi criar um sócio-torcedor exclusivo para o futebol feminino – e pasme! O dinheiro serve para manter a categoria!
A piada parece não ter fim, da mesma maneira que agoniza a instituição na elite da categoria. Quem acha que o futebol feminino é algo inferior, está mais uma vez enfiando seu preconceito e ignorando que a modalidade tem sua relevância crescente. E, para o atleticano mais doente: ver seu clube ser humilhado toda semana com derrotas em campo é aceitável só porque são mulheres?
Filipe Felizardo