A revista Piauí divulgou, na noite de quinta-feira (13), uma reportagem apontando uma operação fraudulenta de empréstimo do atacante Diogo Vitor ao Cruzeiro no ano de 2021. O clube, segundo a publicação, teria recebido R$ 3 milhões para incorporar o atleta a seu elenco, mesmo sem ele ter disputado uma partida sequer. Um dos responsáveis pela operação é um agente da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O empresário de Diogo Vitor, William Barile Agati, foi responsável por levar o jogador até a Raposa. De acordo com a publicação, usando uma empresa de viagens, o homem transferiu o dinheiro para o Cruzeiro em três parcelas durante os meses de fevereiro a março de 2021 (período em que o clube estava na segunda divisão do Campeonato Brasileiro). Depois, segundo a Piauí, o clube devolveu R$ 1,58 milhão para Agati, em contas pessoais e para uma empresa ligada ao homem.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), este esquema foi uma forma de lavar dinheiro do tráfico de cocaína para a Europa, na qual Agati participou ativamente por dois anos. O empresário usava um avião na qual além de transportar drogas, levava também jogadores de futebol – os quais a investigação da Polícia Federal não identificou.
William Barile Agati foi preso em janeiro deste após se entregar, já que teve o pedido de habeas corpus negado Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Curitiba. A defesa do homem disse para a Piauí que Agati é inocente “é um empresário idôneo e legítimo, primário e de bons antecedentes, pai de família, que atua em diversos ramos de negócios lícitos, nacionais e internacionais, sempre com ética e seguindo as leis vigentes e os bons costumes”. Seu advogado qualificou a prisão do empresário como “ilegal e abusiva” por causar a Agati “evidente constrangimento ilegal, já que se colocou à disposição da polícia de livre e espontânea vontade, a fim de colaborar com a Justiça na busca da verdade real dos fatos”.
Resposta do clube
O Cruzeiro responde que a atual gestão assumiu a SAF do clube em maio de 2024 e que por isso não tem conhecimento sobre a transação financeira fraudulenta. “Contudo, o Cruzeiro SAF está à disposição das autoridades, sem medir esforços, para colaborar com o que for necessário”, disse para a Piauí. Em 2021, a SAF do clube pertencia ao ex-jogador Ronaldo.
Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro naquela época, disse para o portal O Tempo que a agremiação teve transferências com William Agati, mas que foi um “empréstimo de R$ 5 milhões”:
“O Willian chegou ao Cruzeiro por amigos em comum, tentando uma oportunidade para o Diogo Vitor. Sabendo da nossa situação, ofereceu um dinheiro emprestado a juros para ajudar e pediu essa chance (ao atleta). Aceitamos, fizemos o contrato que foi devidamente assinado e registrado em balanço. Não foram R$ 3 milhões. Ele emprestou R$ 5 milhões com juros a 0,8% ao mês”.
O ex-mandatário do Cruzeiro ainda apresentou um contrato que provaria o empréstimo de Agatti para o clube, e afirma que este já foi quitado durante a sua gestão e pela SAF comandada por Ronaldo. Além disso, para O Tempo, Sérgio Santos ainda aponta que a operação foi incluída no balancete financeiro de 2021.