
Professor de História e pastor em Angola, Carlos Cordeiro é um admirador do futebol brasileiro. Segundo ele, seu objetivo é tirar garotos da pobreza do seu país de origem e revelá-los para o mundo. Na “missão”, que teve início em Sete Lagoas, estão: os meias Zema, 21 anos, Barbosa, 20, os volantes Emanuel, 18 e Larito, 21, o atacante Joel, 20, e também o zagueiro Cláudio, de 19 anos. Nos últimos dias eles se encontram no Rio de Janeiro, onde tentam renovar o visto de permanência no Brasil por mais cinco anos.
De privilegiado porte físico, os rapazes vêm tendo oportunidades nos times locais, mesmo que no futebol amador. O mais promissor e jovem deles, o volante Emanuel – que é filho do professor Cordeiro – disputa a Copa Integração pelo América de Sete Lagoas. De acordo com o seu pai, nos próximos dias vai passar por um teste no Cruzeiro. “Tenho convicção que vai passar, ele sabe jogar, é diferenciado”, conta cheio de esperança. Assim como ocorre com a maioria dos jovens atletas, o técnico diz que um dos objetivos da associação é fazer do Brasil um trampolim para a Europa. “Só assim poderão retornar à África e, com bom retorno financeiro, ajudar seus familiares”, completa.
Bem adaptados a Sete Lagoas, os noves angolanos sobrevivem com mil dólares que são enviados mensalmente pela Associação do Desporto de Angola, instituição privada. “Tenho saudade da família, dos meus 10 filhos, mas já estamos habituados com essa situação”, conta Cordeiro. Segundo ele, apesar do custo de vida ser mais alto aqui, só têm o que comemorar quando chega o momento de se alimentarem. Na Angola, viviam basicamente de polvilho de mandioca misturado com água fervente. “Aqui a comida é mais saudável, satisfaz mais”, compara. Diariamente, os angolanos são vistos em praça próxima à Avenida Norte Sul jogando bola. Exibindo com orgulho bandeiras do seu país de origem, ganharam a simpatia dos sete-lagoanos. “Somos gente de paz”, finaliza o treinador.
Por Celso Martinelli