“حاسم”. Tanto em árabe quanto em português, uma qualidade que define a temporada de Bruno Henrique é ser “decisivo”. Não foi diferente nem mesmo na estreia do Mundial de Clubes. Pode ter sido mais suado e sofrido que o esperado, mas o Flamengo contou com o brilho do atacante para virar contra o Al-Hilal, vencer por 3 a 1, nesta terça-feira, em Doha, e ficar a um passo de tornar realidade o maior sonho de sua torcida: ter o mundo de novo.
– Feliz mais uma vez de estar contribuindo. Foi uma excelente vitória da equipe. Vimos o jogo deles contra o Esperánce. Eles caíram de rendimento no segundo tempo. O Mister conversou para não baixarmos a intensidade porque o time deles iria cansar. Isso aconteceu e com nossa qualidade conseguimos virar o jogo – disse Bruno Henrique.
O rubro-negro buscará o bicampeonato mundial contra o vencedor de Liverpool, da Inglaterra, e Monterrey, do México, que se enfrentam nesta quarta-feira pela outra semifinal. A decisão está marcada para domingo, às 14h30, no Estádio Khalifa, em Doha. Enquanto os postulantes duelam, o Flamengo comemora a vaga que misturou tensão e emoção.
O misto de ansiedade e expectativa criado pelos rubro-negros no Qatar quase virou balde de água fria quando a bola rolou. A primeira etapa lembrou muito a da final da Libertadores: um Flamengo que cometia erros bobos de passe e posicionamento diante um adversário com mais tranquilidade e força física. Diferentemente do River Plate, o Al-Hilal também tinha uma coletânea de jogadas ensaiadas em seu arsenal para surpreender.
Tudo poderia ter sido diferente se Gerson tivesse aproveitado a grande chance rubro-negra ao tocar por cobertura uma bola mal afastada pelo goleiro Al Muaiouf. Mas o cenário levou o Al-Hilal a merecidamente abrir o placar com Salem Al Dawsari, em jogada cantada: contra-ataque puxado por Andre Carillo, um corredor deixado na esquerda e chute com liberdade na entrada na área.
O Flamengo não sabia, mas havia acabado de se colocar diante uma montanha que teria que escalar. Nunca as equipes sul-americanas avançaram à final do Mundial de Clubes sem abrir o placar antes dos adversários. Em 28 jogos totais, apenas duas vezes quem não marcou o primeiro avançou — Real Madrid, em 2017, e o Atlante, em 2009. Felizmente, foi diferente desta vez.
Bruno Henrique teve atuação tímida nos primeiros 45 minutos. Uma cabeçada fraca do atacante no último lance da etapa inicial simbolizou o descompasso do time.
Bastou o intervalo para o Flamengo voltar a ser Flamengo. Com a cabeça no lugar, não demorou para aparecer o brilho do trio ofensivo. Logo no primeiro ataque da segunda etapa, Gabigol encontrou Bruno Henrique, que serviu Arrascaeta para rolar livre ao fundo das redes. E assim o time cresceu ao seu estilo, acelerando as jogadas e colocando intensidade.
Desde então, retomou o controle do jogo e fez parecer questão de tempo para a virada. Veio com Bruno Henrique que, bem posicionado na grande área, aproveitou o belo cruzamento de Rafinha — e a péssima saída do goleiro — para cabecear e colocar o Flamengo em vantagem. Pouco depois, o camisa 27 arrancou pela esquerda e cruzou no pé do zagueiro Al-Bulayhi, que concluiu contra a própria meta.
Com 3 a 1 no marcador, a vaga estava garantida. Ainda deu tempo para Carillo ser expulso após agredir Arrascaeta, mas nada que ameaçasse tirar a vaga do Brasil nos minutos finais. Seja Liverpool ou Monterrey, o Flamengo está pronto para conquistar o mundo novamente.
Com O Globo