O Arsenal não sabe o que é ser campeão inglês desde 2004, quando ainda jogavam no time nomes hoje lendários, como Robert Pires, Dennis Bergkamp e Thierry Henry. De lá para cá, foram 16 anos de decepções, problemas dentro e fora de campo e uma seca de títulos relevantes que só não é maior porque o time se dá bem na Copa da Inglaterra.
Em se tratando da primeira liga da Inglaterra, a Premier League, porém, o tradicional time londrino vive pesadelos consecutivos, sem conseguir sair da incômoda fila. Ver rivais como Chelsea e Manchester United ganhando várias vezes ao longo dos anos só piora a situação.
Para se ter noção, em 2019 os Gunners acabaram a temporada na 8ª posição, bem abaixo dos gigantes que disputam o troféu todo ano, como Liverpool e Manchester City, e atrás mesmo do seu arquirrival Tottenham.
Mas o que levou o Arsenal a essa posição de quase coadjuvância dentro do campeonato inglês?
Causas antigas, problemas atuais
Falar da queda de um gigante tradicional como é o Arsenal não é tarefa fácil. Muitos jornalistas e torcedores acreditam que os problemas começaram com o investimento gigantesco feito na construção do Emirates Stadium, em 2006.
Naquela mesma temporada, aliás, o Arsenal chegou à sua única final de Champions League, mas acabou derrotado pelo Barcelona de Ronaldinho Gaúcho e Eto’o. Foi o ponto mais alto dos Gunners em termos de competição europeia até hoje, e o feito nunca mais se repetiu.
Difícil crer que isso seja uma coincidência. Difícil também é ignorar o papel desempenhado pelo técnico Arsène Wenger, que ficou no time de 1996 a 2018, um recorde que dificilmente será batido no clube. Foi o francês um dos principais influenciadores da construção do estádio, e foi ele quem teve que lidar com uma das consequências mais imediatas da obra faraônica: a dívida.
De gigante europeu comprador de astros, o Arsenal passou à posição de revelador e vendedor de talentos.
Por conta da necessidade de levantar fundos e com pouquíssimo poder de investimento (ainda mais numa liga milionária como a inglesa), os Gunners montavam times via de regra talentosos, mas quase sempre extremamente jovens e inexperientes.
Negociações financeiras e cartolagem à parte, as coisas só começaram a mudar de figura a partir de 2013, quando o Arsenal trouxe seu primeiro grande craque renomado em muitos anos: Mesut Özil, comprado do Real Madrid.
Dali em diante, coincidência ou não, os Gunners voltaram a ganhar FA Cup (Copa da Inglaterra) em diversas ocasiões e trouxeram jogadores com nome pesado, como Alexis Sánchez e Aubameyang, entre outros.
Mesmo assim, nada de título inglês. A pergunta permanece: por quê?
Concorrência pesada
Não se pode negar que a Premier League seja um dos campeonatos mais disputados do mundo. Com um número alto de gigantes milionários disputando o título, o Arsenal acabou se tornando, depois do seu último troféu, apenas mais um na multidão, só que um que não conseguiu acompanhar o ritmo do resto.
Um problema grave, porém, tem de novo a ver com finanças. Especialmente depois da saída de Arsène Wenger, o Arsenal aparentemente deixou de conseguir fazer caixa com venda de jogadores.
Por algum motivo, ao invés de revender seus atletas, o time via contratos terminarem e outros times simplesmente adquirirem os jogadores de graça – exemplos não faltam, vide Aaron Ramsey e Özil, para ficar nos mais famosos.
Enquanto os concorrentes investem milhões e milhões toda temporada atrás de troféus, o Arsenal pós-Wenger parece se conformar em tentar pescar veteranos a preços módicos.
Até agora o resultado foi péssimo, e a sábia expressão diz que velhos erros nunca vão gerar novos resultados.
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