Somente de janeiro a maio deste ano, a prática de soltar pipas foi responsável por mais de 1,3 mil ocorrências que provocaram a interrupção do fornecimento de energia elétrica para cerca de 400 mil consumidores. Além dos prejuízos causados pela falta de energia, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), alerta para os riscos à segurança que essa brincadeira pode trazer quando praticada próxima à rede elétrica.
Em 2011, mais de 1,4 milhão de consumidores em todo o Estado foram prejudicados com desligamentos causados por papagaios presos nas linhas de distribuição. Foram registradas 5.312 interrupções no fornecimento de energia provocadas por pipas, representando 2% do total. Mais da metade dos desligamentos, 3.204, ocorreram exatamente durante o inverno, entre os meses de junho e setembro, atingindo 900 mil consumidores. No ano passado, o maior número de interrupções causadas por papagaios na rede elétrica aconteceu na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH): 2.618 ocorrências. De janeiro a maio deste ano, foram registrados 610 desligamentos na RMBH provocados por pipas na rede elétrica.
O uso do cerol (mistura cortante feita com cola e vidro moído), é um dos principais causadores dos desligamentos, pois geralmente causam o rompimento dos cabos de energia quando entram em contato, durante o movimento de “vai e vem” comum à brincadeira. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirar papagaios presos à rede.
Acidentes
De acordo com o engenheiro de Segurança do Trabalho da Cemig, Demétrio Venício Aguiar, a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira e barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além do perigo de queda em função do impacto causado pelo choque elétrico. Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos causados pelas quedas e queimaduras graves causadas por choques.
Além disso, muitas crianças soltam pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores de energia, e acabam sendo eletrocutadas quando esses materiais tocam os cabos de energia”, explica Demétrio Aguiar. O engenheiro chama a atenção ainda para o uso do cerol que pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Em 2011, a Cemig registrou dois acidentes com vítimas causados por papagaios. Em 2010, foram mais dois registros, sendo um deles fatal.
“Tenho observado que muitas crianças, ao procurar um local sem redes elétricas, estão se arriscando em beiras de rodovias, de pontes e viadutos. Além do risco de atropelamento, há a possibilidade de acidente com motociclistas e ciclistas que, ao tocarem a linha, podem se machucar, principalmente, se houver cerol”, alerta o engenheiro da Cemig.
Da redação, com informações de Comunicação Cemig