Depois de muito mistério, acusações, juras de inocência, depoimentos contraditórios e disputas de vaidade, o goleiro Bruno Fernandes e outros quatro acusados de participação no desaparecimento e morte de Eliza Samudio começam a ser julgados, hoje, no Fórum de Contagem, há 70 km de Sete Lagoas.
A sessão começa com o sorteio dos sete jurados. Eles dirão se os réus são culpados ou não e serão escolhidos em um grupo pré-selecionado, de 25 pessoas comuns que se candidatam para a tarefa ou foram convocadas aleatoriamente pela Justiça.
O duelo entre acusação e defesa, previsto para durar até três semanas, será decisivo para que o corpo de sentença formule um veredicto. De um lado, o promotor Henry Wagner diz ter provas suficientes de que Bruno seria capaz de ordenar a morte da ex-namorada, e que o fez.
Do outro, um batalhão de 15 advogados tentará convencê-los de que a moça está viva e que as acusações de homicídio, sequestro e cárcere privado são falsas. Além de Bruno, serão julgados o amigo dele, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza, a ex-namorada dele, Fernanda Gomes de Castro, e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
Os primeiros a falar são as testemunhas de acusação. Entre elas, estão a servidora pública Renata Garcia, que acompanhou o depoimento do primo de Bruno, menor na época do crime, Jorge Rosa Sales. Ela deverá atestar que ele revelou o crime sem ser coagido. Também estão na lista a delegada Ana Maria Santos, que participou das investigações, um agente penitenciário e o ex-motorista de Bruno, Cleiton Gonçalves.
Logo depois, as testemunhas da defesa serão interrogadas e, por último, os réus terão a palavra. Na sequência, acusação e defesa farão o debate que deve durar 14 horas ininterruptas. Ao fim, os jurados darão a sentença e a juíza Marixa Fabiane Rodrigues fará vai calcular as penas, se eles forem condenados.
Ao contrário do que muitos filmes costumam mostrar rotineiramente, os jurados não debatem entre si o veredicto. No fim do debate, eles recebem cédulas com diversas perguntas, como, por exemplo, se o acusado teve participação na morte de Eliza, se ela foi sequestrada, mantida em cárcere privado, e se os réus tiveram participação nos crimes.
O voto é secreto. Durante todo o julgamento, os jurados ficam totalmente incomunicáveis. Eles dormem em hotéis e não têm direito a telefone, televisão ou internet.
Da Redação, com informações de O Tempo