“Disse à presidente da Anac, com toda clareza, que existe uma solicitação do Governo do Estado no ano passado à própria Anac, que limitou os pousos da Pampulha para aeronaves de determinado porte e que tivessem uma escala no interior do Estado. Portanto, a posição clara do Governo é que lá não voarão aeronaves com mais de 100 passageiros e que voem diretamente para outras capitais ou para outros destinos fora do Estado”, afirmou Aécio Neves, em entrevista à imprensa, após a solenidade de assinatura de Protocolo de Intenções para criação do Pólo de Aviação Civil de Minas Gerais.
Manifesto
Durante a reunião com a diretora-presidente da Anac, Aécio Neves entregou a ela um documento assinado por 27 entidades de classe de Minas, entre elas Federação das Indústrias do Estado (Fiemg) e associações comerciais, manifestando posição contrária à retomada de vôos diretos para outras capitais, a partir do Aeroporto da Pampulha.
“A conversa foi, obviamente, educada, como deve ser, mas extremamente firme. Entreguei a ela um documento assinado pela Fiemg, Associação Comercial, setores ligados ao turismo, a outras atividades econômicas, demonstrando que essa é uma posição de Minas Gerais e nós defenderemos vigorosamente essa posição”, disse Aécio Neves.
A posição defendida pelas entidades de classe no documento entregue à presidente da Anac também foi ratificada em Audiência Pública realizada em 28 de agosto, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. De acordo com o documento, durante a reunião, que contou com a presença de técnicos da Anac e representantes de entidades de classe, do turismo e das comunidades de bairros, chegou-se à conclusão unânime pelo não retorno dos vôos com aeronaves a jato de grande porte à Pampulha.
Aviação regional
O governador também destacou a importância de manter o planejamento desenvolvido pelo Governo de Minas para impulsionar o crescimento da aviação regional no Estado, alavancado pelo Aeroporto da Pampulha. De lá saem diariamente cerca de 40 vôos com destino a cidades do interior de Minas, fazendo dele um importante elo entre as regiões de Minas e indutor do turismo no interior do Estado.
“Há um espaço enorme para o crescimento da aviação regional e se fizermos um planejamento conjunto, não haverá qualquer ociosidade no Aeroporto da Pampulha, que também precisa de investimentos que há décadas lá não são feitos. Eu disse à doutora Solange, por quem tenho enorme respeito, que, em Minas, nós planejamos o governo. As medidas não são tomadas atabalhoadamente. Nós não podemos ter uma medida imposta de cima para baixo que comprometa o processo de desenvolvimento do Estado”, afirmou Aécio Neves.
A aviação regional em Belo Horizonte cresceu 60% desde a transferência dos vôos para Confins, segundo dados da Infraero. Servindo à aviação regional e executiva, o Aeroporto da Pampulha movimenta em média 50 mil passageiros/mês e 70 mil pousos e decolagens/ano. Em 2007, o Aeroporto da Pampulha recebeu 759,8 mil passageiros.
Infraero
O governador também cobrou mais investimentos da Infraero no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, que já alcançará neste ano o limite de sua capacidade, que é de 5 milhões de passageiros por ano. Há três anos, quando 130 vôos foram transferidos para Confins, a situação do aeroporto na Pampulha era de saturação. Com capacidade para 1,5 milhão de passageiros por ano, a Pampulha tinha volume superior a 3 milhões, com 90 mil pousos e decolagens, em 2004. Já o Aeroporto Tancredo Neves, inaugurado em 1984, estava sub-utilizado, com apenas 388 mil passageiros em 2004.
“É preciso que haja a melhoria do terminal, da sala de passageiros, enfim, uma ampliação expressiva do Aeroporto Tancredo Neves. Isso poderia ser feito e eu disse isso também há uma semana ao presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, com os próprios recursos que a Infraero recolhe do aeroporto”, disse o governador. E completou: “Iniciaremos agora, a partir do mês que vem, um diálogo com a Anac, envolvendo também a Infraero. A Infraero é devedora do Estado de Minas Gerais. Fez investimentos expressivos em vários estados brasileiros e eu saúdo todos esses investimentos, mas não é possível que, além de não fazer investimentos aqui e ter a receita daquilo que é gerado em Minas Gerais, não participe dessa discussão e não compreenda também a importância estratégica do que estamos fazendo”, afirmou Aécio Neves.
Atualmente, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves gera uma receita anual de R$ 70 milhões/ano para a Infraero. Já é um dos seis maiores aeroportos do país, movimentando mais de 430 mil passageiros/mês, operando como hub aéreo que mais cresce dentro da malha aérea nacional. A projeção é de que, em 2011, 9 milhões de passageiros passem por Confins.
Investimentos
A transferência dos vôos foi determinada em 13 de março de 2005, pela portaria nº 1891/DGAC do Departamento de Aviação Civil (DAC), com apoio da Infraero, do Governo do Estado de Minas Gerais e da Prefeitura de Belo Horizonte. Desde então, investimentos importantes têm sido feitos pelo Estado e empresas privadas, na aviação regional. Trip Linhas Aéreas, Air Minas e Ocean Air são as empresas que operam na Pampulha, atualmente.
Em maio passado, a Trip, que hoje é a maior empresa de aviação regional no Brasil, assinou protocolo de intenções que garante novos investimentos e ações da empresa em Minas Gerais. O protocolo de intenções prevê a transferência do centro de manutenção de aeronaves da Trip para Minas Gerais e a realização de estudos para investimentos de R$ 40 milhões na implantação de um centro de treinamento de aeronaves ATR em Minas, com a criação de 150 postos de trabalho.
A TAM também anunciou investimento de R$ 20 milhões, com a geração de 150 empregos diretos, na instalação do centro de manutenção de aeronaves da TAM Executiva (empresa de táxi aéreo do grupo), no Aeroporto da Pampulha.
“Da mesma forma que a Gol já veio para o Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, há um direcionamento natural das principais empresas aéreas brasileiras para Minas. Temos apenas que racionalizar esse processo. O Tancredo Neves com a sua vocação de aeroporto indústria, buscando a atração de indústrias para aquela região, aeroporto internacional com hub para outros estados; e a Pampulha para valorizar a viação regional, até porque, em relação à aviação regional, o Estado de Minas Gerais está fazendo investimentos muito expressivos em vários aeroportos regionais”, disse Aécio Neves.