Receber alguém em casa com um café fresquinho é uma tradição mineira. No entanto, essa gentileza tem saído cada vez mais cara, especialmente em Belo Horizonte. O preço do pacote de 500g já ultrapassa os R$ 20 em supermercados da capital, com um aumento de 24,27% no último ano, conforme levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). Esse valor supera a média nacional, que ficou em 16,64%.
Segundo Diogo Santos, economista do Ipead, essa alta reflete um movimento global, influenciado pela quebra de safra em países asiáticos, grandes produtores e exportadores de café. “A oferta de café no mercado internacional caiu drasticamente, pressionando os preços para cima. Isso fez com que os produtores brasileiros lucrassem mais exportando, o que resultou no aumento dos preços também no mercado interno”, explica.
Apesar da alta, Santos destaca que o café permanece um item essencial na mesa dos brasileiros, o que mantém a demanda aquecida. “Mesmo com a elevação dos preços, o consumo continua, pois o café não ocupa uma grande parcela da renda familiar. Isso ajuda a manter o mercado aquecido”, completa.
Matheus Dias, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta ainda as questões climáticas como um fator relevante no encarecimento do produto. A seca e as queimadas no Brasil têm afetado as colheitas, contribuindo para o aumento dos preços. “Em julho, o preço do café subiu 8,78% em relação ao mês anterior. Já em agosto, o salto foi de 15,96%. A tendência é que essa elevação continue em setembro, especialmente com a persistência da seca”, avalia.
Santos concorda, acrescentando que as condições climáticas têm gerado incertezas sobre a produtividade da atual safra de café. “Se houver uma nova redução na safra, teremos mais um fator que poderá pressionar os preços para cima”, conclui.
A tradição do cafezinho mineiro, portanto, está mais cara, e o cenário de elevação nos preços parece longe de terminar.
Da Redação com O Tempo