Prefeitos de 114 cidades mineiras dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas decidiram suspender suas atividades e fechar as portas durante dois dias no mês que vem para chamar a atenção dos governos federal e estadual a respeito da situação de calamidade das contas públicas municipais. Na reta final do ano, o principal alvo da reclamação dos gestores é o pagamento do décimo terceiro salário dos servidores, que precisa ser depositado até 30 de novembro.
Estimativa da Associação Mineira de Municípios, AMM, indica que, neste ano, mais de 60% das 853 cidades mineiras não devem conseguir arcar com o salário extra no prazo.
Nessa quinta-feira, 07, prefeitos de 21 cidades que integram a Associação dos Municípios do Alto Jequitinhonha, Amaje, decidiram suspender as atividades municipais nos dias 12 e 13 de dezembro. Segundo o presidente da entidade, o prefeito de Angelândia, Thiago Pimenta, PMDB, os municípios não têm conseguido cumprir com serviços básicos, como saúde e educação. “Se na base da conversa não está resolvendo, teremos que tomar medidas mais radicais. Nos dias da paralisação, nada vai funcionar nas cidades, apenas serviços emergenciais como saúde, educação e limpeza urbana”, explica.
A decisão da Amaje ocorre um dia após as 93 prefeituras da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene, Amams, também decidirem fechar as portas. A greve foi marcada para 14 de dezembro. “Aumentar o Fundo de Participação dos Municípios, que caiu depois que o governo federal resolveu desonerar o Imposto sobre Produtos Industrializados, e torná-lo uma parcela única, que não fica oscilando mês a mês, seria a melhor ajuda que o governo poderia nos dar”, afirma o presidente da Amams e prefeito de Mirabela, Carlúcio Mendes, PSB.
O número de prefeituras que vão suspender suas atividades ainda pode aumentar, já que outras associações estão discutindo o tema. O presidente da AMM, Toninho Andrada, ressaltou que a decisão dos gestores “é dura”, mas considerou a iniciativa “necessária”. Ele destacou o pagamento do décimo terceiro como um problema. “Acreditamos que mais de 60% dos prefeitos terão problema de arcar com os extras em 2013”. No ano passado, o percentual de prefeituras que tiveram dificuldade para pagar o benefício foi de 60%, e, em 2010, de 35%.
Com O Tempo