Os registros de dengue causados pelo sorotipo 3 (DENV3) dispararam no Brasil, com São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná entre os estados mais afetados. Dados do Ministério da Saúde indicam que o aumento foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o DENV3 começou a representar uma parcela significativa dos casos: 31,8% no Amapá, 28,7% em São Paulo, 18,2% em Minas Gerais e 9,3% no Paraná.
Especialistas alertam para o risco de uma escalada alarmante, já que a maior parte da população não desenvolveu imunidade contra esse sorotipo, que circulou de forma limitada nos últimos anos.
Por que o DENV3 é preocupante?
A dengue possui quatro sorotipos (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4), e cada um pode infectar uma pessoa uma vez na vida. Desde 2008, o DENV3 circulava em níveis baixos no Brasil, o que deixou uma grande parcela da população suscetível. “A imunidade à dengue é específica para cada sorotipo. Quem teve dengue por DENV1 ou DENV2 pode ser infectado pelo DENV3”, explica Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas.
O retorno do DENV3 também aumenta o risco de reinfecções e complicações graves, já que os sorotipos DENV1 e DENV2 continuam em circulação. Em dezembro de 2023, o DENV3 representava apenas 0,32% dos casos no país, mas esse número saltou para 40,79% em dezembro de 2024.
Como prevenir e lidar com o aumento de casos?
A vacina contra a dengue, incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023, protege contra o DENV3, mas é gratuita apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo que registra alta hospitalização. No entanto, a principal medida de controle segue sendo a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti:
- Evite água parada em recipientes desprotegidos, como vasos e pneus.
- Tampe caixas d’água e limpe frequentemente áreas que acumulam água.
- Troque a água das plantas semanalmente, esfregando os recipientes para eliminar ovos do mosquito.
O que esperar para 2025?
O Ministério da Saúde prevê que estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná liderarão os casos em 2025, devido à circulação simultânea dos quatro sorotipos e ao impacto do fenômeno El Niño, que favorece o aumento do mosquito vetor.
O monitoramento ampliado e o estudo da dinâmica do Aedes aegypti são ações prioritárias para controlar o avanço da doença. “Compreender a transmissão do vírus é essencial para prever e mitigar surtos futuros”, destaca Maria Anice Mureb Sallum, professora da USP.
Sintomas e quando buscar ajuda
Os sintomas do DENV3 são os mesmos dos outros sorotipos, incluindo febre alta, dor de cabeça, dores musculares e manchas no corpo. É crucial buscar atendimento médico ao identificar sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes ou hemorragias.
A prevenção é o caminho mais eficaz para evitar que a dengue se torne uma emergência de saúde ainda mais grave.