Uma inusitada “chuva de aranhas” registrada em São Thomé das Letras, no Sul de Minas Gerais, viralizou nas redes sociais e despertou a curiosidade dos internautas. Bruna Reis de Carvalho, de 38 anos, contou a reportagem que presenciou a cena ao lado de uma amiga enquanto iam ao supermercado.
O que causa esse fenômeno?
A “chuva de aranhas” ocorre devido à espécie Parawixia bistriata, conhecida como aranha colonial. Segundo Fernanda Raggi, professora de ecologia da Una, essas aranhas são típicas do cerrado e comuns no Brasil, especialmente na região Sudeste, mas apenas em áreas rurais.
Isso acontece porque a espécie é sensível a fatores artificiais como poluição, ruídos, radiação solar intensa e altas temperaturas. O fenômeno, chamado de forrageamento social, pode reunir até 500 aranhas em uma mesma colônia. “Para quem observa, elas parecem um grande aglomerado de nuvens escuras flutuando no céu. Esse evento é comum entre dezembro e março, devido ao clima quente e úmido”, explica Raggi.
Além disso, essas aranhas constroem suas teias ao entardecer, em um processo que dura cerca de uma hora. Esse horário é estratégico, pois coincide com a movimentação de insetos noturnos, aumentando as chances de captura. Veja o vídeo:
Por que as aranhas se agrupam?
O comportamento está ligado ao período de reprodução. As jovens aranhas criam teias coletivas para capturar insetos, garantindo alimento para si, para as fêmeas reprodutoras e para os filhotes.
“Poucas espécies possuem esse comportamento social, onde se unem em grandes teias para alimentação e proteção. Como os fios da teia são extremamente finos, eles ficam quase invisíveis, dando a impressão de uma ‘chuva de aranhas'”, explica a especialista.
Esse fenômeno ocorre justamente no verão, quando há maior disponibilidade de insetos devido ao calor e à umidade. Isso também favorece a reprodução, pois as fêmeas precisam de nutrientes para formar os ovos e alimentar os filhotes.
As aranhas são perigosas?
Não há motivo para pânico! As aranhas dessa espécie são pequenas, medindo cerca de dois centímetros, com corpo preto e pequenos pontos vermelhos no abdômen. Seus olhos são minúsculos e quase imperceptíveis. Além disso, são inofensivas para os humanos. “Mesmo que alguém seja picado, a concentração de veneno não é letal”, tranquiliza Raggi.
E se eu for picado?
Embora raras, as picadas podem acontecer caso a aranha se sinta ameaçada. Se isso ocorrer, a recomendação é procurar atendimento médico rapidamente, pois algumas pessoas podem apresentar sintomas como dor de cabeça, confusão mental e, em casos extremos, convulsões.
“A ‘chuva de aranhas’ é um fenômeno fascinante e deve ser visto como um espetáculo da natureza. É um período essencial para a reprodução e sobrevivência dessa espécie”, conclui Raggi.
Da Redação com informações do BHAZ