“Se acontecesse uma coisa só, mas esse tanto é difícil de suportar”. A declaração é do vigilante Johney Lima Santos, que com os olhos cheios de lágrimas, viu a destruição de sua residência. Na madrugada desse domingo, 01, um incêndio criminoso destruiu a casa onde morava ele morava com sua então esposa Renata Soares Costa, mãe do menino Arthur, de dois meses. O bebê foi doado pela própria mãe, que chegou a ser presa após confessar ter forjado o sequestro do filho. O barracão pequeno, sem reboco ou pintura, foi tomado pelas chamas.
O barulho e o cheiro acordaram os vizinhos, que acionaram a polícia. Para o perito que esteve no local pela manhã, a suspeita é que alguém tenha quebrado o vidro da janela do quarto e atirado uma bucha com álcool e fogo dentro do cômodo. Como o forro do teto contém isopor, quase tudo foi queimado.
Ninguém dormia no endereço de nº 129 da Rua Picassu, no bairro Icaivera, em Contagem, quando o incêndio começou. “A Renata vai pagar pelo que fez. Não precisavam fazer Justiça com as próprias mãos”, lamentou a mãe da gerente de lanchonete, Maria Aparecida Gomes Soares da Costa, que acredita em vingança como motivação do crime.
“Isso pode ser um ato de revolta da população. Mas a Renata deve estar doente e precisa de tratamento. Uma médica nos disse que provavelmente ela está com psicose pós-parto”, disse o pai da criança, que um dia antes havia levado o berço do bebê para a casa de familiares.
A advogada da mãe do menino também esteve no barracão no início da tarde. Segundo ela, Renata está em uma fazenda em Poços de Caldas, no Sul de Minas, aos cuidados de amigos. “O incêndio tem que ser apurado. O que muda é a preocupação com a integridade da minha cliente”, informou. Paulinho Costa, pai de Renata, estava desolado. “O lugarzinho que a minha filha tinha pra morar agora ela também perdeu”, disse.
A história da família foi parar na polícia e nos jornais no dia 23 de novembro. Renata saiu de sua casa, em Contagem, para ir ao Centro de Belo Horizonte. Aos policiais, ela relatou que foi abordada por dois chineses e um homem armado, que a ameaçou e roubou o bebê de seus braços.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro localizou o menino com um casal de adolescentes no bairro Vila Valqueire. Em depoimento, eles confirmaram que a mãe biológica de Arthur o doou, depois de vários contatos pela internet.
Renata chegou a ser presa no Complexo Feminino Estevão Pinto, em BH. Se ficar comprovado que houve a entrega do neném em troca de dinheiro, Renata pode ficar presa por até sete anos. O casal do Rio de Janeiro que recebeu a criança também está sob investigação.
Com Hoje em Dia