BELO HORIZONTE (02/03/09) – Os criadores de codorna de Minas Gerais, incentivados pela crescente aceitação do produto no país, estão aumentando seus plantéis. O segmento industrial da atividade no Estado também cresce, com as empresas expandindo a capacidade de processamento, e surgem novos projetos de exploração da atividade. De acordo com Luiz Cássio da Paixão, coordenador da Câmara Técnica de Avicultura criada pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), “o Estado é líder no segmento de codornas e a atividade atravessa uma fase muito favorável”.
“O maior plantel dessas aves no país é o do Aviário Santo Antônio (ASA), que tem granja em Nepomuceno, no Sul do Estado, com cerca de 350 mil aves produzindo 300 caixas de 50 dúzias de ovos por dia”, informa o coordenador. O diretor comercial do ASA, André Rodrigues da Paixão, confirma esses dados e explica que os ovos “in natura” de codorna são vendidos nos mercados de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba.
André Paixão diz que o aviário está se preparando para iniciar o processamento de ovos de codorna. “Vamos atender aos segmentos de comida a quilo e às churrascarias, entre outros, porque o mercado de ovos de codorna “in natura” no país encontra-se estacionado”, explica. O executivo acrescenta que, nos mercados do ASA, a caixa do ovo não processado alcança R$ 33.
A atividade principal do ASA é a produção de ovos de galinha. De acordo com André Paixão, a empresa conta com 1,3 milhão de aves, produzindo 680 mil caixas de 30 dúzias de ovos por ano. Dados do ASA mostram que, em 2008, a empresa teve uma receita da ordem de US$ 7 milhões com a exportação de ovos de galinha em casca resfriados destinados ao consumo. Para o primeiro trimestre deste ano está programado o início das exportações de ovo desidratado ou em pó. As vendas do produto com a marca do aviário no mercado interno já começaram, sendo dirigidas principalmente à indústria de alimentos.
Processamento compensa
O empresário Evandro Ribeiro de Carvalho, proprietário da Indústria Naju Alimentos, de Itanhandu, no Sul de Minas, concentra suas atividades na produção e no processamento de ovos de codorna. Ele diz que, nos mercados atendidos por sua empresa, a cotação do ovo dessa ave se encontra na faixa de R$ 28 a caixa. O ovo de codorna processado (cozido e descascado) alcança R$ 6 o quilo, que equivale a cem unidades, mas Carvalho considera mais vantajoso vender o produto transformado, apesar de o preço do ovo “in natura” remunerar melhor. “As vendas do processado, mesmo com um preço médio ainda baixo, compensam porque os compradores são empresas mais bem-organizadas, fator importante para a capitalização da indústria”, assinala.
Da Naju Alimentos saem 4 mil quilos de ovos processados por semana, sendo 85% destinados ao Rio de Janeiro. “Nossa empresa e uma outra, do Espírito Santo, são as únicas com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) que atendem àquele mercado”, assinala. Para o empresário, “o registro no Ministério da Agricultura é um diferencial importante da indústria, que conta com granja própria onde estão alojadas 150 mil codornas. Essas aves produzem 140 caixas de 50 dúzias por dia, ou 980 caixas por semana, enquanto a demanda no Rio de Janeiro pelo produto processado supera 1,1 mil caixas no período. Para garantir o fornecimento, a indústria busca um volume complementar de ovos em granjas integradas. “Para adquirir os ovos produzidos nessas granjas, firmamos um contrato com preço médio anual, fixado com base no custo de produção”, explica Carvalho.
Pelo acordo de integração, a indústria fornece às granjas as codornas, os componentes para a formulação da ração das aves e ainda os medicamentos. Já o granjeiro participa com o calcário, além das instalações, milho, soja e farinha de carne utilizados na alimentação do plantel.
Integração avança
O empresário Sérgio Pereira Gomide, proprietário da Granja Loureiro, sediada em Perdões, no Sul de Minas, também recorre ao sistema de integração para complementar o volume de ovos de codorna que o mercado encomenda à sua empresa. Apesar da denominação, a granja é mais do que um criatório, porque além dos segmentos de recria, reprodução e postura, tem uma indústria. “O processamento dos ovos nessa unidade é automatizado para garantir ganhos de produtividade, e todo o produto é acondicionado em sacos plásticos”, explica.
Os ovos de codorna da Loureiro, em torno de 32 mil quilos por mês, destinam-se a Belo Horizonte, municípios da Zona da Mata, regiões Sul e Centro de Minas”, informa Gomide. São fornecidos no atacado (restaurantes e bares) em embalagens de dois quilos. Para venda aos supermercados, os sacos plásticos são de 200 gramas. De acordo com o empresário, nesses mercados a cotação do produto processado varia de R$ 7,00 a R$ 8,00 o quilo.
“Nossa indústria de processamento é a maior do país, atualmente, seguida por uma empresa paulista que processa cerca de 26 mil quilos de ovos de codorna por mês. Esse volume é 18% menor que o alcançado pela Loureiro. Gomide diz que tem planos mais ambiciosos: vai expandir a linha de processamento para atender também a outros Estados, e para isso já encaminhou ao Ministério da Agricultura o pedido do Selo de Inspeção Federal (SIF).