Minas Gerais enfrenta um grave surto de doenças respiratórias. A cada quatro horas, uma pessoa morre no estado por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quadro clínico grave associado a infecções como gripe, covid-19, bronquiolite e pneumonia. De janeiro até 13 de junho, o painel estadual de vigilância epidemiológica registrou 948 óbitos provocados pela síndrome. O avanço da doença pressiona o sistema de saúde e levou o governo a decretar emergência em saúde pública.

O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca Minas Gerais como um dos estados com maior risco de crescimento nos casos. A capital, Belo Horizonte, foi incluída entre as 17 capitais brasileiras com aumento constante de registros. Somente em BH, as internações por doenças respiratórias cresceram 17% em comparação com o mesmo período do ano passado: foram 10.291 hospitalizações neste ano contra 8.792 em 2024. Desde janeiro, 257 pessoas morreram na cidade em decorrência de insuficiência respiratória.
A subsecretária municipal de Atenção à Saúde, Raquel Felisardo, explica que o SUS já se prepara anualmente para o aumento da demanda nos meses frios. Contudo, neste ano, o número de atendimentos cresceu de forma mais prolongada e intensa. “Normalmente, o pico é em março. Desta vez, os casos começaram a subir em abril, dobraram em maio e, com a queda brusca das temperaturas em junho, o cenário se agravou”, relata.
Para enfrentar a pressão, a prefeitura criou 53 novos leitos desde abril, incluindo 10 de CTI adulto no Hospital Sofia Feldman e 43 pediátricos distribuídos entre o Odilon Behrens, Hospital da Baleia e o Ciências Médicas. “A cada sinal de aumento nas solicitações de internação, reforçamos a estrutura”, disse Felisardo. Atualmente, o tempo médio de espera por um leito adulto gira em torno de 24 horas, e para crianças, é de apenas algumas horas.
Para o infectologista Unaí Tupinambás, o crescimento das hospitalizações está diretamente relacionado à baixa cobertura vacinal. Ele alerta que crianças, idosos e pessoas com comorbidades são os mais expostos a complicações. “Sem a proteção das vacinas, o organismo dessas pessoas está mais vulnerável a infecções graves, muitas vezes com necessidade de CTI”, afirma.
A baixa adesão tem preocupado as autoridades. A Prefeitura de BH intensificou a campanha de vacinação contra gripe, ampliando o atendimento para shoppings, estações de metrô e parques. Mesmo assim, a cobertura vacinal está em apenas 74%, quando o ideal seria 90%. “Nos Centros de Saúde a adesão estava baixa. Com a vacinação extramuros, conseguimos alcançar mais gente. Ainda assim, reforçamos o pedido para que quem ainda não se vacinou procure uma unidade”, diz Felisardo.
Sistema de saúde poderia reagir melhor, avalia especialista
Tupinambás avalia que o sistema de saúde — público e privado — ainda não respondeu com a devida força ao momento crítico. “Depois da pandemia, esperávamos uma preparação mais robusta, tanto da população, com vacinação e prevenção, quanto das autoridades, com ações mais eficazes, especialmente na gestão de leitos”, avalia. O infectologista integrou o antigo comitê de enfrentamento à pandemia da PBH.
PBH também oferece atendimento remoto
Como reforço, a Prefeitura oferece teleconsultas gratuitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, para pessoas a partir de 2 anos. O atendimento começa com um enfermeiro, que decide se há necessidade de consulta médica online ou se o acolhimento pode ser feito ali mesmo.
com informações de O Tempo