Alberto Portugal ressaltou que Minas Gerais tem tradição em biotecnologia ao instalar, em 1976, a Biobras, em Montes Claros. Lembrou que o Estado tem trabalhado para gerar novas oportunidades de negócios junto com o Sindusfarq e outros parceiros, entre eles a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Portugal observou que o segundo mandato do governador Aécio Neves já deixou sua marca ao priorizar a pesquisa, a tecnologia e a inovação, sobretudo para as chamadas áreas portadoras de futuro. “Estamos inclusive fazendo um diagnóstico de toda a biotecnologia para saber detalhes da realidade e do que precisamos para avançar, mas a dificuldade de processar o volume de conhecimento é um grande desafio”, avaliou o secretário. O diagnóstico, que estará concluído brevemente pela Sectes e parceiros, aponta que as empresas de biotecnologia estão investindo mais em inovação. Esse trabalho, segundo a coordenadora do APL de Biotecnologia, na Sectes, Gislaine Silva, será fundamental para criação do Centro Mineiro de Biotecnologia.
Investimentos e faturamentos
Giana Marcellini expôs alguns dados disponíveis sobre o segmento da biotecnologia nos três Arranjos Produtivos Locais existentes em Minas — RMBH, Viçosa e Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba — e que recebem o apoio do Estado para o desenvolvimento de pesquisas e para capacitação técnica. No ano passado, a Sectes investiu R$ 5 milhões nos APLs de biotecnologia. Para Marcellini, o segmento de saúde humana representa 74% das vendas das 10 maiores empresas de base biotecnológica em Minas, que possui competência técnico-científica consolidada nas áreas de química, bioquímica, botânica, fitoquímica, farmacologia, microbiologia, imunologia, tecnologia farmacêutica, toxicologia, clínica médica e bioinformática.
Dentro da exposição do ambiente de biotecnologia, a presidente do Sindusfarq explicou que Minas possui uma grande vocação para biotecnologia aplicada à área de saúde, com tradição de instituições voltadas para medicina, bioquímica e farmácia, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Hemominas, Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Centro de Pesquisas Renê Rachou da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Outro destaque mineiro são instituições tradicionais no desenvolvimento de pesquisas em ciências agrárias, como Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Citou ainda a Fundação Centro Tecnológico do Estado de Minas Gerais (Cetec), Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Universidade Estadual de Montes Claros, Universidade de Uberaba (Uniube) e Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e as incubadoras de empresas Inova, Centev, Habitat, Unitecne (Uniube) e Ciaem (UFU).
De acordo com os números apresentados, o APL de Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte tem mais de 70 empresas, sendo que 70% delas são micro e pequenas. O faturamento em 2007 chegou a R$ 92,3 milhões. Já o APL de Viçosa com mais de 25 empresas, também formado por 85% de pequenas,faturou entre R$1 milhão e R$5 milhões. O APL de Biotecnologia do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que possui mais de 20 empresas e abrange os municípios de Uberaba, Uberlândia, Patos de Minas e Araguari, faturou cerca de R$3 milhões.
Nesse primeiro dia, diversas empresas se apresentaram ao público do fórum mostrando o que fazem e a disposição de fechar negócios na rodada prevista para esta quinta-feira (26). Como convidadas, empresas do APL de Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí, também se apresentaram. Houve ainda as palestras “Biotecnologia em Humanos”, feita pelo presidente do Sindicato dos Laboratórios de Minas Gerais; “Biotecnologia Vegetal”, pelo vice-presidente da CTNBio, Edilson Paiva, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo; e “Biotecnologia Animal”, por Rodolfo Rumpf, da Embrapa Recursos Genéticos. Um tema também bastante explorado foi Licitação, por Laiza Daniele Nunes Assumpção, advogada da Fiocruz. Este último tema é considerado polêmico, principalmente quando se refere à compra de insumos e equipamentos para pesquisa e ensino em empresas da administração pública.
O Fórum de Debates e Negócios em Biotecnologia tem o apoio do Arranjo Produtivo Local de Biotecnologia do Triângulo Mineiro (APL-Biotec – Triângulo Mineiro), do Arranjo Produtivo Local de Biotecnologia e Meio Ambiente de Viçosa (APL-Biotec – Viçosa), do Arranjo Produtivo Local de Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte (APL-Biotec- RMBH), do Serviço Nacional de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Fundação Biominas e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).