Uma pesquisa que busca dar sobrevida ao paciente que tem câncer de próstata com metástase óssea depende agora da colaboração de pacientes para seguir em frente. Eles serão voluntários de um novo tratamento que utiliza uma radiação direcionada, capaz de matar o excesso de matriz óssea “fabricado” pelo corpo. Os efeitos devem ser conhecidos até o fim de 2016.
Já aprovada nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, a terapia – conhecida como Radio-223 – consiste em injetar no organismo uma substância chamada partícula alfa. No entanto, o procedimento só é liberado para enfermos em estágio terminal, que já passaram por todos os outros recursos médicos que poderiam evitar o avanço da doença.
A proposta do estudo realizado em quatro cidades do Brasil – Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro – é antecipar o uso do medicamento. Na capital mineira, o Centro Avançado de Tratamento Oncológico (Cenantron) está à caça de candidatos.
Segundo o médico André Márcio Murad, que está à frente do trabalho, o câncer de próstata tem alto índice de cura quando diagnosticado precocemente. As pacientes que veem a doença evoluir para os ossos – a metástase mais comum desse tipo de câncer – só têm como alternativa terapias que aliviam a dor e aumentam, em até cinco anos, a expectativa de vida.
“Para esses casos, temos quatro linhas de tratamento hormonal. Com o passar do tempo, porém, a pessoa fica resistente à droga e o médico precisa trocar a linha da hormonoterapia”.
Nas primeiras pesquisas, quem apelou à Radio- 223 após passar por todo esse processo percebeu redução da dor, explica Murad, que também é professor de Medicina e Oncologia e pesquisador do Hospital das Clínicas da UFMG. A aposta dele é que resultados ainda mais promissores serão observados quando a terapia for utilizadas juntamente com o primeiro tratamento hormonal.
Mesmo que o retorno seja positivo, a Radio-223 ainda não será a cura para a doença. Mas os avanços não podem ser desconsiderados. “Os pacientes poderiam sobreviver por mais tempo e com mais qualidade de vida. O excesso de osso produzido pelo organismo doente provoca dor, gera compressão e pode causar até a fratura. Conseguiríamos eliminar esses problemas enquanto a pessoa não interrompesse o tratamento”.
Quem atender aos critérios da pesquisa e quiser participar do estudo deve ligar para o número (31) 98412-9058. Candidatos em potencial já recebem uma consulta gratuita. O trabalho é regulamentado e recebeu autorização dos órgãos competentes.
Campanhas levam mais homens para os consultórios
O exame de prevenção contra o câncer de próstata ainda é um tabu. Mas graças a campanhas de conscientização, que ganham destaque sobretudo durante as ações de Novembro Azul, a situação está mudando.
“Cada vez atendo mais pacientes que, assustados com o caso de um conhecido, resolvem se prevenir”, afirma o urologista Rodrigo Ávido, do Hospital Alberto Cavalcanti, referência no tratamento da doença em Belo Horizonte.
O toque retal ainda é a forma mais segura para detectar o câncer de próstata. O ideal é que o homem também faça um exame de sangue que analise os níveis de PSA (antígeno prostático específico), que costumam aumentar quando a pessoa está doente. “Se alterações forem evidenciadas, partimos para a biopsia”.
A cirurgia é o padrão ouro de tratamento, afirma Rodrigo. O problema é que, em mais de 40% dos casos, os homens ficam impotentes.
Há ainda a possibilidade de o paciente passar por uma radioterapia ou braquiterapia, mas que não apresentam resultados tão positivos como a intervenção cirúrgica.
Ao contrário do que as estatísticas sugerem, os números não indicam necessariamente um aumento das taxas de incidência, e sim o aumento do número de diagnósticos, resultado, dentre outras causas, do aumento da conscientização dos homens em relação à importância dos exames, principalmente no que diz respeito ao exame de toque.
Com Hoje em dia