O Centro de Desenvolvimento de Produto já está testando tecnologias que permitem elevar esse índice a níveis acima dos 20% de biodiesel, em linha com a meta que deu origem à criação do Centro.
Único CDP da montadora fora da Europa, ele foi inaugurado em 12 de junho de 2008, com a presença do governador Aécio Neves, e do presidente mundial da Iveco, Paolo Monferino, com o objetivo de desenvolver e criar novos caminhões pensando nas necessidades e nos diferenciais do mercado latino-americano. O centro de desenvolvimento tem instalações de 4.000 m2 de área operacional. Ele compreende escritórios, salas de reuniões e uma grande oficina de montagem de protótipos. Este conjunto vai integrar de forma completa oito áreas de engenharia de desenvolvimento: engenharia Avançada, Powertrain, Chassis, Elétrica e Eletrônica, Carroçaria, Engenharia do Cliente e Testes e Protótipos. Confira a entrevista:
SETE DIAS – O que o Centro de Desenvolvimento em Sete Lagoas representa hoje no contexto mundial no segmento de veículos como ferramenta de trabalho?
Marcelo Motta – Encontra-se em Sete Lagoas hoje toda tecnologia que também há na Europa. Não é possível obter sucesso fazendo um produto em um único lugar que funcione para todo o mundo. Acreditamos que o conceito de “veículo mundial” morreu. Fabricar na Itália, pra funcionar no Brasil, não dá. Há fatores do centro desenvolvimento em Sete Lagoas que a diferenciam das outras unidades semelhantes na Europa e atendem a realidade da América do Sul. Por exemplo: aqui temos estrada de chão e de terra, assim como estradas boas e ruins, como a BR-040. Na Europa é tudo bom, um único padrão de estrada. Um veículo feito lá, certamente teria inúmeros problemas aqui. O produto desenvolvido em Sete Lagoas, pelas nossas características e pela necessidade, é mais reforçado. Fabrica-se aqui um caminhão mais adequado para o cliente brasileiro, latino-americano. A somatória destes fatores mostra a importância do Centro de Sete Lagos no contexto munidial. O que é feito em Sete Lagoas também pode ser exportado pra Rússia, China, África e Oriente Médio, localidades que também pedem produtos mais robustos.
SD – A crise mundial não interferiu no desenvolvimento de novos produtos, já que o desenvolvimento de projetos implica em custos?
Marcelo Motta – Em fase de crise, priorizamos projetos, sem cancelar nada. Pensamos na melhor forma de investir os recursos para desenvolver. Não se trata de cancelar, mas de priorizar projetos. Sem a crise, é nossa meta desenvolver cinco projetos ao mesmo tempo, paralelos. Mas com crise, dois projetos são priorizados por vez. A Iveco não precisou cancelar nada, mas priorizou o que era mais importante para o momento.
SD – Um dos projetos em andamento hoje é a Viatura Blindada em conjunto com o Exército Brasileiro. Quais as características deste carro de guerra e a previsão do seu lançamento.
Marcelo Motta – Trata-se de uma de viatura militar de 18 toneladas capaz de carregar 11 soldados. No momento, podemos falar pouco sobre este projeto, já que o grau de confidencialidade é muito grande, trata-se da segurança do país. A Iveco tem uma divisão chamada Iveco Defenser, no Brasil, dentro de Sete Lagoas, que conta também com engenheiros do exército brasileiro. O primeiro protótipo será construído na fábrica de Sete Lagoas e deve estar pronto em 2010 para o início da fase de testes. Uma das metas do programa é que mais de 60% dos componentes do veículo sejam fabricados no Brasil, reduzindo custos de produção e manutenção.
SD – O que vem por aí?
Marcelo Motta – Nosso compromisso com o cliente é fazer dois novos lançamentos por ano. Foi assim em 2007, com o Stralis e Daily; em 2008 o Iveco Tector e o novo Stralis, e para este ano já tem mais dois novos lançamentos saindo do forno. Essa é uma das coisas que fazem a diferença para a Iveco local competir com qualquer país do mundo: inovação, agilidade e criatividade. Assim, sempre estaremos à frente.
SD – Existe uma parceria entre o CDP e a UNIFEMM dentro do curso de Engenharia de Produção Mecânica. É possível o aproveitamento destes estudantes no quadro da empresa?
Marcelo Motta – Acho difícil, caso não busquem especialização. Vejo que há boas chances de integrar nossa equipe com a melhoria na formação em idiomas. Mas este estudante no futuro pode vir a se juntar ao CDP, na gestão de processos, no gerenciamento de projetos, esta possibilidade é real.
Celso Martinelli