Soltar pipas é uma das brincadeiras mais populares entre as crianças e adolescentes em todo o país e, no inverno, essa atividade ganha mais força, devido à intensidade dos ventos típicos desta estação do ano e pela coincidência com as férias escolares.
Mas a diversão pode gerar prejuízos e trazer riscos à segurança da população se for realizada de forma irresponsável. Em Minas Gerais, de janeiro a maio deste ano, a Cemig registrou 840 ocorrências de interrupção no fornecimento de energia elétrica devido a essa prática, que prejudicaram mais de 284 mil consumidores da empresa.
Somente nos cinco primeiros meses deste ano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram registrados 356 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica, que prejudicaram mais de 140 mil clientes da Cemig. O uso do cerol – mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos principais causadores dos desligamentos, causando o rompimento dos cabos de energia quando entra em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.
Segundo o engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Venicio Aguiar, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia com a prática da brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la”, orienta.
Além disso, Aguiar alerta sobre um novo produto que vem agravar os problemas e os riscos: um tipo de fio cortante feito em escala industrial, chamado de “linha chilena”, produzido com materiais mais abrasivos que o cerol. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet”, diz o engenheiro.
Acidentes graves
Além dos prejuízos causados pela falta de energia, a Cemig também alerta para os riscos à segurança que a soltura de pipas pode trazer quando praticada próxima à rede elétrica, causando acidentes graves com as pessoas que as manipulam e também ocasionar acidentes com terceiros.
Demetrio Aguiar conta que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal para essas crianças, além do risco de rompimento do cabo, que pode atingir outras pessoas que estiverem passando no local.
O engenheiro chama a atenção, ainda, para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios.
“São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia, causando o choque elétrico”, explica Aguiar.
Lei proíbe linhas cortantes
A lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para recreação ou com finalidade publicitária, em todo o território do Estado de Minas Gerais. Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.
Da Redação com Agência Minas