Educação, estética, alimentação e construção são áreas promissoras que deverão contribuir, e muito, para alavancar a economia brasileira após dois anos de recessão. O potencial dos segmentos para “bombar” em 2018 foi apontado pelo Sebrae. Levantamento do órgão, baseado nos setores com maior expansão de 2013 a 2017, mostra os ramos com mais perspectivas de crescimento este ano.
Para Glauber Silveira, professor de economia do Ibmec, alguns fatores são determinantes para tornar o quadro econômico favorável a investimentos.
“A economia tem se recuperado. Em um ritmo menor do que o esperado, mas é uma recuperação gradual, que se inicia no setor de serviços e no agropecuário, e que em breve deve chegar à indústria. O cenário favorável, com a queda na taxa de juros e a inflação controlada, diminui a incerteza dos empreendedores”, explica.
No caso da educação, além de serviços de transporte escolar, ensino de esportes e educação infantil, o treinamento profissional dos alunos é um dos principais chamarizes.
O número de estabelecimentos de ensino que oferecem treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial saltou de 5.506, em 2013, para 7.050 em 2016 no Brasil, o que caracteriza um crescimento de 40% no período.
Case de sucesso, a Faculdade Promove aposta na aprendizagem prática como um diferencial para a capacitação dos alunos.
Estudantes de gastronomia, por exemplo, dispõem de um restaurante-escola, onde participam não só da elaboração dos pratos, mas do atendimento ao público e do gerenciamento do espaço.
“Laboratórios” também fazem parte da rotina de alunos dos cursos de cosmética e estética e direito, que ainda contam com projetos de extensão.
Diretor executivo da Faculdade Promove, Thiago Muniz destaca o viés profissionalizante da instituição, que prepara os alunos não só para conquistar postos de trabalho, mas para se destacar no mercado.
“Nosso público contempla muitos alunos que já estão no mercado de trabalho e buscam uma oportunidade melhor. Acompanhando essa tendência, vemos uma procura maior por cursos dessas áreas (alimentação e estética)”, destaca.
Thiago Muniz também ressalta que o desenvolvimento prático das atividades gera impacto além da vida acadêmica.
“A pessoa não está aprendendo apenas disciplinas de graduação, aquele conhecimento teórico. Está aprendendo habilidades. Mesmo que não siga exatamente na área que escolheu do curso, o fato de aprender essa habilidade, que antes não tinha, gera uma vontade de aprender, uma diferenciação muito maior do que uma pessoa que teve apenas a disciplina teórica”.
Alimentação
No setor de comidas e bebidas, o destaque na pesquisa fica por conta da fabricação de alimentos e pratos prontos. De 2013 a 2016, houve aumento de 1.197 para 1.564 empreendimentos especializados neste tipo de serviço –elevação de cerca de 30%, aponta o Sebrae.
Com uma venda que gira em torno de 4 mil a 5 mil refeições por mês, o Marmita Fitness é um dos principais expoentes do ramo na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Com o intuito de oferecer praticidade e alimentação saudável ao cliente, a empresa apresenta uma estratégia ousada em período de retomada da economia, explica Ewerton Pereira, um dos sócios.
“Tentamos manter sempre o investimento. Às vezes, as respostas do mercado são favoráveis, outras vezes não, mas mantemos um planejamento para o ano todo. Como nosso negócio é sazonal, seguimos o mercado. Se precisarmos, adequamos ou aumentamos o investimento”, diz.
Pereira estima crescimento de 10% a 12% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2017 e conta que, para se firmar no mercado, trabalhará o conceito da marca.
“Buscamos não só o crescimento financeiro, mas a criação de uma marca forte. Independentemente se o mercado indicar que as vendas vão cair, vamos tentar manter o investimento. Mas o mercado tem dado uma resposta boa. Tenho visto o crescimento do setor, o surgimento de novos concorrentes. O mercado está melhor”, acredita.
Organização e planejamento são receita para o sucesso
O sucesso de uma empresa depende não somente de bons investimentos, mas também do controle de custos. Organização e planejamento devem fazer parte do dia a dia da companhia para evitar que os riscos inerentes ao mercado se consolidem e comprometam o andamento do empreendimento.
Paulo Santos, responsável pela divisão da BDO, multinacional especializada em auditoria e consultoria com representação também em Minas Gerais, indica que a preparação inadequada antes de se iniciar o empreendimento é o principal erro dos gestores.
“O que mais vejo é o administrador ou a alta administração da companhia, trabalhar em cima de um desejo de crescimento, mas sem planejamento. Você pode optar em ‘botar o peito na frente’. Mas o risco é grande, vez que você não mapeou o mercado, não teve tempo para se estruturar e indicar quais seriam os riscos inerentes, que podem atrapalhar seu crescimento. Se não identificou o risco, não tem o controle para evitar que esse risco se materialize. Às vezes, são riscos muito altos que, caso se materializem, inviabilizam o negócio e podem quebrar uma empresa”, explicou.
Recuperação
O consultor afirma que é possível observar uma melhora no mercado brasileiro, indicando, também, maior procura pelos serviços de consultoria, seguindo a premissa de um investimento organizado e responsável.
“No setor de alimentação, por exemplo, tenho visto o crescimento na demanda. Tenho visto como positivo o crescimento. Há uma alta tanto de clientes nossos quanto da perspectiva desses clientes. São empresários que, até então, estavam um pouco inseguros com relação ao investimento e estão abrindo novas frentes de trabalho”.
Adequação
Superar o período de recessão foi um grande teste para os empresários, que viram a lucratividade dos empreendimentos ameaçada diversas vezes.
Para que o negócio não sucumbisse à crise, os gestores tiveram que trabalhar na contenção de gastos e usar a criatividade para atrair o cliente mesmo em um cenário desfavorável para ambas as partes, explica Thiago Muniz, diretor executivo da Faculdade Promove.
“No cenário de crise você parte da base que sua receita não vai crescer muito. Pode até retrair. Óbvio que trabalhamos em busca de outros tipos de receita, às vezes com o mesmo cliente que você já tem. Mas é preciso atuar também do lado da despesa. Na crise, temos que pensar em uma redução responsável de custos, mas sem deixar de propor a diferenciação do seu produto”, pondera.
Da Redação com Hoje em dia