O setor de cardiologia do Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP), do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), está no limite com falta de vários insumos e profissionais. A crise fez com que a unidade hospitalar de Belo Horizonte deixasse de fazer uma média de mil consultas mensais nos últimos meses. E, desde setembro, somente os casos de urgência são recebidos na sala de hemodinâmica, onde são feitos exames e procedimentos cardíacos de alta complexidade.
Segundo uma fonte de alto escalão do hospital – que quis manter o anonimato –, a dificuldade de aquisição de matéria-prima se agravou há cerca de um ano. Alguns pedidos feitos em janeiro ainda não foram atendidos, e os estoques começam a ser afetados. Dentre os materiais em falta estão alguns tipos de próteses intracardíacas e balões para desobstruir as válvulas de dentro do coração. “Sem vários itens, estamos deixando de realizar procedimentos importantes”, afirma.
Situação
A hemodinâmica do HGIP foi uma conquista comemorada pelo hospital na inauguração em julho de 2017. Com investimentos superiores a R$ 2 milhões, ela teria capacidade de fazer 1.200 exames por ano. São realizados lá procedimentos como angioplastia coronária, da carótida e de outros vasos periféricos, correção de defeitos congênitos e valvares, implantes de marca-passos, além de exames complementares de diagnóstico. A ideia era fazer atendimentos agendados, chamados de eletivos, além dos emergenciais. Mas, por falta de insumos, o foco agora está na urgência. Os eletivos pararam de ser agendados há dois meses.
A crise é tamanha que a sala de hemodinâmica ficou sem funcionar nos dias 11 e 12 deste mês por ausência de insumos. O ar-condicionado da sala estragou nesta semana e, por falta de contrato com uma empresa de reparo, o problema não tem previsão para ser solucionado. Em nota, o Ipsemg nega irregularidades com a hemodinâmica.
Motivos
Vários fatores teriam levado o hospital a essa situação crítica. O primeiro deles seria o não pagamento de fornecedores por parte do governo do Estado. Sem receber, eles estariam deixando de entregar os materiais. A morosidade na compra também seria um empecilho. “Cada pedido tem que passar por vários setores no Estado, em uma burocracia tremenda”, afirma.
Quando um paciente grave chega ao hospital para realizar algum procedimento que necessitaria de um insumo em falta, sua transferência é feita para a rede conveniada. O problema é que parte dos hospitais que antes faziam esse acolhimento está deixando de fazê-lo também por falta de pagamento.
Resposta
Ipsemg. Oficialmente, o instituto afirma que os fornecedores estão atendendo o hospital e que o pagamento dos credenciados acontece de acordo com disponibilidade financeira.
Quimioterapia voltando lentamente
A quimioterapia, suspensa há uma semana no Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP), do Ipsemg, volta a ser feita em alguns pacientes. Nesta terça-feira (20), a unidade hospitalar conseguiu parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Fundação Mário Penna.
O serviço tinha sido suspenso porque a capela (câmara de fluxo laminar), onde são preparadas as dosagens dos medicamentos quimioterápicos, está estragada. A previsão, como mostrado nesta terça-feira com exclusividade em O TEMPO, é que o reparo seja feito em até 15 dias úteis. Em nota, o Ipsemg afirmou que o equipamento seria reparado em um dia. Mas, em novo e-mail enviado na terça-feira, o órgão admitiu que a demora deverá ser mesmo maior.
Como os pacientes não podem ficar sem o tratamento devido ao risco de agravamento do quadro clínico, o hospital buscou ajuda dos parceiros. Os profissionais do HGIP estão manipulando os medicamentos nos dois hospitais. Com isso, na terça-feira foi possível atender uma dezena de pessoas.
Em nota, o Ipsemg disse que “está empenhado para suprir a demanda de todos os beneficiários que realizam quimioterapia na unidade”.
Com Super Notícia