Um pequeno belo-horizontino pra lá de fofo ganhou as redes sociais nos últimos dias: um vídeo protagonizado por ele recebeu mais de 2,5 milhões de visualizações e 75 mil compartilhamentos em apenas duas semanas. Apaixonado desde (ainda mais) novinho pelos profissionais de limpeza urbana de Belo Horizonte, Caio Henrique resolveu pegar sua roupinha de gari costurada pela avó e decidiu “trabalhar” com os “amigões”, como ele gosta de chamá-los. As imagens foram gravadas no bairro Glória, região Noroeste da capital mineira.
No vídeo, o pequeno aparece na calçada de casa na hora em que os profissionais da limpeza estavam chegando. Devidamente vestido (com direito a luvinha, claro), Caio ajuda os garis no trabalho, joga lixo dentro do caminhão e ainda tira foto com o pessoal do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). No final, após a câmera ser desligada, ainda se dirige à mãe e fala: “Viu, mamãe? O Caio trabalhou”. É ou não é pra morrer de amor?
“Desde muito novo, com uns nove meses, o Caio sempre gostou dos garis. Quando os profissionais passavam na rua, eu o levava para cumprimentá-los. Agora que ele já anda e fala, ele mesmo me pede para ir”, comenta ao BHAZ a mãe do garoto, Raquel Silva, que trabalha como autônoma.
A autônoma ainda conta que, se o menino está dormindo e não aparece, os próprios garis gritam para chamá-lo. “Ele [Caio] chora no dia que não vai lá mexer um pouco com ‘amigões’, como ele chama os garis”, relata. “A criança tem um coração puro. Eu fico muito grata pelo filho que tenho, aprendo com ele todos os dias. Eu não imaginava que o vídeo tomaria essa proporção, porque pra mim é uma coisa normal”.
Respeito à profissão e customização da roupa
A mãe ainda relata sobre o preconceito que existe com a profissão dos garis. “Eu tenho um respeito enorme por eles. Muita gente passa perto e não dá nem um bom dia. Não vejo diferença entre as profissões, fui criada assim, então eu passo para o meu filho”.
A ideia da roupa partiu do próprio Caio. “A gente estava assistindo televisão e passou uma reportagem de uns meninos vestidos como garis. O Caio começou a me pedir muito a roupa. Eu expliquei que não conseguiria e ele, então, chorou bastante”, explica Raquel. “Foi então que liguei para a minha mãe e ela disse que poderia fazer”, completa.
A avó do garoto, Maria Aparecida Silva, é costureira. “Na hora que minha filha me contou, falei que faria. Foi um pouco difícil achar as fitas fluorescentes, mas fiz o máximo para ficar parecido. Ele queria o uniforme completo, com luvinhas, camisa laranja e as fitas”, comenta a avó. “Ele ficou bem feliz, queria até dormir com a roupa, mas a mãe não deixou [risos]”, conta a costureira.
Nos comentários, amigos de Raquel elogiam o menino. “Lindeza… Que Deus abençoe esse coração imensamente e que continue sendo assim. Um ser humano humilde”; “Esse é o Brasil que eu quero para o futuro. Onde desde criança já comecem a reconhecer o valor de um trabalhador honesto”; “Bonito ver o carinho e o reconhecimento de um trabalhador tão importante e tão pouco valorizado social e economicamente”, foram algumas das mensagens.
Com Bhaz