Apelo emocional, boa comunicação, ganância e astúcia. Essas são algumas das características atribuídas aos autores de um dos crimes mais comuns em BH: o estelionato. Cerca de 27 golpes são registrados por dia na capital, média de pelo menos um por hora. De janeiro a novembro do ano passado foram 8.982 delitos, quase 250 a mais na comparação com igual período de 2017. Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Na última quinta (17), uma mulher de 54 anos foi presa suspeita de realizar falsas campanhas que ajudariam pessoas carentes. Ela dizia às vítimas que iria adquirir cadeiras de rodas e preparar sopas para doar a asilos. Para validar as atitudes, emitia notas fiscais frias.
O artifício utilizado para cometer o crime chama a atenção. Normalmente, segundo as forças de segurança, os golpes são feitos para pegar quem quer tirar proveito de alguma situação. Ao contrário deste caso, no qual as pessoas foram enganadas pela boa-fé.
A mulher, conforme a Polícia Civil, também falsificava assinaturas de cheques de uma empresa de condomínios, onde era gestora financeira. O prejuízo, segundo a corporação, foi superior a R$ 290 mil, entre 2015 e 2017. A reportagem tentou contato com o advogado da suspeita, mas o defensor não foi localizado.
Desinformação
“O estelionato é o retrato fiel da desinformação, em que as pessoas acreditam em tudo, e acabam não checando as coisas”, afirma o delegado Gustavo Xavier, da Polícia Civil. “O aproveitador tira vantagem de quem quer vantagens, caindo em golpes que podem ser bobos, como o do bilhete premiado”, acrescenta o policial, que é titular da delegacia de plantão da região do Barreiro.
Porta-voz da Polícia Militar, o major Flávio Santiago diz que os estelionatários abusam do sentimento para atrair as vítimas. “Eles utilizam meios de persuadir, apelam emocionalmente e também induzem à ganância”, explica.
A dica, reforça o oficial, é duvidar. “Faça o caminho inverso, procure outros contatos, mas não acredite, de imediato, no que estão oferecendo”. Conforme o major, a PM atua na operação de flagrantes e de forma preventiva.
Já as investigações, na maioria dos casos, são feitas só após denúncias anônimas ou das próprias vítimas. “Isso ocorre porque o estelionato mais comum acontece em situações corriqueiras. É como o furto, é difícil monitorar até que ele aconteça.
O trabalho da Polícia Civil consiste em achar quem lucra e abastece os pequenos estelionatários”, explicou o delegado Thiago Machado, do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp).
Com Hoje Em Dia