Pouco mais de três meses depois de ter sido absolvido de um processo administrativo interno aberto pelo presídio de Varginha, o goleiro Bruno foi condenado por falta grave e só poderá obter direito à progressão de pena para o regime semiaberto em fevereiro de 2023.
A decisão foi publicada nesta segunda-feira (11) pelo juiz da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha, Tarciso Moreira de Souza, e diz respeito ao fato de o atleta ter usado um telefone celular para marcar encontro com mulheres, em outubro passado, além de ter consumido bebida alcóolica dentro da Apac.
Com a decisão, Bruno perde o direito de trabalho externo, não vai poder ficar na Apac e voltará a um presídio normal, em Varginha ou na região metropolitana de Belo Horizonte.
O novo local de cumprimento da pena deve ser indicado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Na decisão, o juiz decretou ainda a perda de 1/6 dos dias que o goleiro diminuiu da pena por meio de trabalho e estudo até a data da falta. Com isso, o goleiro só deve progredir para o regime semiaberto no início de 2023.
Em contato com a reportagem, o advogado Fábio Gama comentou que vai recorrer da decisão. “Repentinamente, ele (juiz) manteve a decisão (da punição da falta grave), ao meu ver, totalmente desconecta com a realidade processual brasileira, afrontando aquilo que fora feito dentro da própria unidade prisional”, falou.
De acordo com o processo, Bruno usou o celular de um encarregado da Apac de Varginha, onde prestava serviços, para combinar, por meio do WhatsApp, um encontro com duas mulheres que queriam um autógrafo do goleiro.
“Restou demonstrado que o reeducando utilizou aparelho de telefone celular no local em que prestava trabalho externo e que o utilizou para se comunicar com pessoas que não fazem parte do relacionamento familiar, pois sequer conhecia ‘as meninas’ com quem conversou e marcou o encontro. Isto posto, tenho que o reeducando, conhecedor do método APAC, traiu seus ideais, bem como a confiança que lhe foi depositada quando da concessão de autorização para o desempenho de trabalho externo na obra de construção da APAC”, entendeu o juiz.
Apesar de Ingrid Calheiros, mulher do jogador que tem uma filha com menos de um ano residir em Varginha, o goleiro tem um endereço fixo em Belo Horizonte, o que pode fazer com que ele retorne para a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, local onde ele começou a cumprir a pena de mais de 20 anos e afirmou, em várias entrevistas, ter encontrado um ambiente “desumano”.
Entenda
Em outubro do ano passado, Bruno Fernandes foi flagrado por uma emissora de televisão local em um espaço com duas mulheres e uma lata de cerveja na mesa. O jogador teria trocado mensagens de celular com uma delas para marcar o encontro.
Ele foi considerado inocente no caso em um procedimento interno dois meses depois do fato, questão que o juiz Tarcísio de Souza desconsiderou na decisão desta segunda-feira.
Reincidente
Essa é a segunda falta grave que Bruno comete na prisão. Em abril de 2013, ele ameaçou um agente penitenciário e dois detentos na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, depois de eles terem elogiado Ingrid Calheiros em uma das visitas dela no presídio.
Condenação
Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses pelo envolvimento na morte de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho, fruto da relação com a modelo.
Em setembro de 2017, a Justiça diminuiu a pena para 20 anos e nove meses, após a prescrição do crime de ocultação de cadáver.
Bruno cumpre pena em regime fechado desde 2010. Ele tinha permissão para o trabalho concedida pelo poder judiciário e trabalhava nas obras de construção da Apac de segunda à sexta-feira, entre 7h e 18h.
Com O Tempo