O cheiro, a cor e o gosto da água disponibilizada aos moradores do bairro Parque da Cachoeira, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, um dos locais mais atingidos pelo rompimento da barragem da Vale, em janeiro, estão alterados, segundo a comunidade. “Está com cheiro de algo podre”, denuncia o comerciante Adilson de Souza, 44. O problema, segundo ele, que reside e trabalha na região há cerca de 15 anos, tem levado preocupação a todos: “Há mais ou menos um mês, a gente tem notado um odor estranho, mas, há uns cinco dias, a situação piorou”.
A solução encontrada por parte dos moradores foi fazer um estoque do insumo: “A gente não sabe se (o mau cheiro) é remédio que a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) coloca ou se é gente e bicho misturados com minério de ferro”. Souza diz que compra água desde que a barragem se rompeu, mesmo após a Prefeitura de Brumadinho ter passado a distribuir galões e garrafas de água de duas a três vezes por semana, conforme revelou o comerciante. “Eles estão dando, mas isso faz a gente ter ainda mais dúvida da água que chega à casa da gente. A Copasa diz que a água está normal, mas, se está boa para beber, por que estão dando água para nós?”, questionou Souza.
Em outro ponto de Parque da Cachoeira, a cerca de 100 m de onde os rejeitos da Vale pararam, uma família de 11 pessoas optou por instalar um padrão da Copasa na residência, que tem poço artesiano, mas cuja água passou a apresentar cor escura e aspecto turvo, segundo os proprietários do imóvel. “Paramos de tomar, mas ainda usamos para lavar roupa e limpar a casa. Não importa o quanto de sabão usamos, as roupas que lavamos ficam com um cheiro muito ruim”, afirmou a dona de casa Neuzinha Esteves, 50.
Segundo o coordenador do projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a água proveniente de cisternas não é recomendada. “Por serem mais rasas que poços artesianos, cisternas têm muito mais risco de contaminação numa situação como a enfrentada em Brumadinho”, explica. Ele afirma ainda que a água tratada pela Copasa é proveniente de poços artesianos, cujo risco de contaminação é menor.
A Copasa afirmou que “a água utilizada para o abastecimento dos moradores de Parque da Cachoeira atende a todos os padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde”. Até o fechamento da edição, a Prefeitura de Brumadinho não havia respondido.
Copasa
A companhia pede aos moradores de Brumadinho que, caso identifiquem alguma situação irregular em relação à água, liguem para a central de atendimento da empresa, pelo número 115.
Com O Tempo