O corte de verbas aplicado sobre o setor de pesquisas fez com que vários estudos importantes, como a descoberta de um tratamento mais eficaz para a febre amarela e a infecção pelo zika vírus, fossem sucateados e deixados a caminhar a passos lentos num deserto de dúvidas. A falta de recursos faz com que perguntas fiquem sem respostas e, mais ativamente, pacientes sintam o atraso na pele.
Somente na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas, ao menos quatro estudos que tinham o objetivo de decifrar essas enfermidades foram engavetados por tempo indeterminado em função do corte de verbas anunciado em fevereiro pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Na fundação, 66 projetos na área da saúde não receberam R$ 4,5 milhões.
Em todo o estado mineiro, a estimativa é de que cerca de 1.126 projetos, aprovados no ano passado, estejam parados. Eles deixaram de receber cerca de R$ 44 milhões. Além desses cortes, mais de 5.000 bolsas de iniciação científica foram extintas.
“Nunca vi uma situação tão grave. É quase desesperador,”, desabafa Olindo Assis Martins Filho, pesquisador titular da Fiocruz Minas, que no momento tem dois estudos parados por falta de recursos. Um deles, representava mais um passo para o entendimento do zika vírus.
Segundo ele, o trabalho poderia “auxiliar no manejo clínico de pacientes”. Outra proposta do estudioso era conseguir identificar precocemente sinais que indicassem a possibilidade de desenvolvimento tardio de hepatite em pacientes com diagnóstico de febre amarela.
Em nota, a Fapemig informou que não há previsão para que os repasses sejam normalizados e disse enfrentar dificuldades em honrar os repasses devido à crise fiscal que o Minas enfrenta.
Com O Tempo