O cerco a criminosos foragidos ganhará um reforço em Belo Horizonte. Câmeras de 360 graus, capazes de fazer reconhecimento facial, estarão à disposição das forças de segurança no Centro da cidade nos próximos meses. A informação foi antecipada pelo coronel Giovanne Gomes da Silva, comandante-geral da Polícia Militar. O oficial não deu detalhes sobre a implantação da nova tecnologia, mas garantiu que os equipamentos já estão em fase de testes.
“Se ela (câmera) detectar alguém no banco de dados como autor contumaz, um aviso será dado por meio de um aplicativo que estará dentro da viatura”, adiantou o coronel. Com o avanço, a corporação acredita que será possível otimizar o trabalho dos policiais já que o cruzamento das imagens captadas nas ruas com o banco de dados possibilitará a identificação de rostos procurados no Estado. A ideia é que a ferramenta faça a detecção de pessoas com mandados de prisão em aberto e comunique à polícia em tempo real, facilitando a abordagem.
Opiniões distintas
A novidade divide a opinião de especialistas. Para Robson Sávio Souza, professor e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, antes da implementação é necessário que as polícias e o poder público conversem com a sociedade. Ele defende que o debate deve implicar uma legislação específica, com a finalidade de preservar as liberdades individuais daqueles que serão monitorados.
“É preciso entender como essas imagens serão utilizadas e por quem. Não acho que temos um debate suficiente nesse nível. A polícia diz que vai identificar por meio do videomonitoramento. Mas com autorização de quem? Quem vai controlar?”, indaga Sávio.
Para o coordenador do Grupo de Estudos sobre Segurança Pública da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori, o uso da leitura facial pode agregar muito ao trabalho da Polícia Militar e trazer ganhos para a sociedade. Ele afirma, porém, que a prática é nova não em Minas, assim como no mundo inteiro, e que não há dados sólidos para avaliar com precisão a efetividade da ferramenta.
“A principal condição para que dê certo é ter um banco de dados com fotos atualizadas dos suspeitos. Nesse sentido, os arquivos da Polícia Civil são fundamentais, daí a necessidade de uma integração plena entre as corporações”, avalia Sapori.
Experiências
Uma das primeiras capitais a testar a tecnologia foi Salvador (BA), no Carnaval deste ano. Desde então, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, as mais de cem câmeras espalhadas pela capital baiana foram importantes para prender 35 pessoas.
Ainda em fase de testes, as ferramentas devem ser expandidas para outros locais do estado. Já no Rio de Janeiro, 28 câmeras foram instaladas em pontos estratégicos em Copacabana, tradicional cartão-postal, durante a Festa de Momo.
Entre os dias 1º e 10, período em que o sistema funcionou como teste, os equipamentos auxiliaram no cumprimento de três mandados de prisão e cinco de apreensão contra adolescentes. Um foragido foi localizado e três veículos, recuperados.
Procura-se
Atualmente, uma das ações desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MG) é o programa Procura-se, que divulga no site procurase.seguranca.mg.gov.br fotos de foragidos da Justiça. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 181.
Os nomes são escolhidos levando em consideração a prática frequente de crimes graves, como homicídio, roubo e tráfico de drogas. Parte dos listados também possui relação com explosões de caixas eletrônicos em Minas, além de roubos a bancos. Participam do projeto o Ministério Público, polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, Secretaria de Administração Prisional (Seap) e Corpo de Bombeiros.
Da Redação com HD