Um cineasta que deixou Belo Horizonte para ganhar o mundo acaba de receber um prêmio da AT&T, empresa de telecomunicações nos Estados Unidos. E na era do cinema 3D, câmeras em 360º e inovações que nem se popularizaram ainda, o diretor e produtor Ramon Faria conquistou o júri com uma história feita com teatro de bonecos em miniatura.
Ramon Faria faz parte da equipe vencedora da categoria New Forms of Storytelling (em português: Novas Formas de Contar História) com o curta-metragem “Fragile” (em português: Frágil). E na equipe está a esposa dele, Camila Mezzetti, como diretora de arte.
No dia 22 de junho deste ano, Ramon e Camila estavam nos estúdios da Warner para a entrega do prêmio no AT&T Film Festival. Ao todo, foram mais de 1,3 mil filmes inscritos.
Ramon disse como se sentiu ao vencer na categoria.
“Ganhar esse prêmio foi um reconhecimento incrível. Pelo tamanho do festival e da empresa que organiza, por ser dentro da Warner e em Hollywood, e o mais importante, por ser um curta feito de forma independente com uma equipe pequena”, disse.
A “pequena” equipe é composta por especialistas de várias nacionalidades.
Ramon contou que ganhar em uma categoria com tanta inovação tecnológica com um curta feito todo a mão foi curioso.
“O teatro de marionetes é algo muito antigo, de antes mesmo da fotografia, e ganhar na categoria “Novas Formas de Contar Histórias” é no mínimo curioso. Acredito eu que seja justamente por ser algo diferente que chamou atenção. (…) Eles ficaram admirados por conseguirmos contar uma história com emoção, com tantos detalhes, usando somente bonecos de fio e etc., tudo feito a mão”, disse o cineasta.
As marionetes contam a história do sr. Nakashima, que tem um passado interessante, mas que agora, já na velhice, tem uma rotina simples. Até a chegada de um robô para ajudá-lo nas tarefas do dia a dia. E juntos, encaram um vilão inesperado.
O filme impressiona pelos detalhes do cenário e dos objetos, feitos com materiais simples e à mão. Este foi um dos comentários que a cineasta Cathy Yan fez ao entregar o prêmio ao mineiro.
Cathy Yan é a diretora do próximo e oitavo filme da DC Extended Universe, nome não-oficial da franquia que reúne super-heróis como o Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, The Flash, Acquaman, entre outros. Ela também é a primeira mulher asiática a dirigir um filme de super-heróis.
O curta “Fragile” já foi exibido em dois festivais em Belo Horizonte: no “Cinemateca”, da Casa Mascate, no Cine Santa Teresa, e no Festival Lumiar. O filme ainda participou de outros festivais nos Estados Unidos, em Portugal e na Alemanha.
Ramon e Camila, que são casados, deixaram Belo Horizonte para que ele fizesse mestrado em cinema. E o cineasta conta que, durante o curso, focou em animação, bonecos e afins, mesmo sem ser esse o tema do curso.
E durante o mestrado, Ramon uma bolsa de estudo da The Nacional Academy of Television Arts & Sciences (NATAS), organizadora do prêmio Emmy.
Ainda no mestrado, Ramon ganhou o prêmio de “Diretor do Curso” durante uma disciplina sobre filmagens experimentais.
Após a formatura, em novembro de 2018, Ramon foi contratado para trabalhar em um estúdio na Florida, onde mora com a mulher.
Ramon e Camila ainda não sabem o que o futuro reserva para os dois. Mas, já preparam o roteiro do próximo curta e ele deve ser filmado no Brasil. Mais, o cineasta não conta para não dar spoiller.
O filme “Fragile” não está disponível ainda em alguma plataforma de vídeos porque ainda concorre em outros festivais.
Resta aos que ficaram curiosos esperar… e torcer pelo casal brasileiro.
Com G1 Notícias