A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou, nessa quarta-feira (07), quatro casos de sarampo no estado desde o início do ano. Outros 190 são suspeitos e ocorreram em 73 cidades.
Desses, 71,1% (135) foram descartados, 26,8% (51) estão sob investigação e 2,1% (4) casos confirmados, sendo um importado.
Primeiro caso
O primeiro caso confirmado é de um italiano, residente em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com história de viagem recente à Croácia e à Itália nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019.
As ações de bloqueio vacinal e pesquisa diagnóstica foram iniciadas pelas equipes da vigilância local. O paciente foi hospitalizado e amostras laboratoriais foram coletadas e deram positivo para sarampo tanto em teste feito pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, quanto no Laboratório de Referência Nacional da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
De acordo com a SES-MG, o genótipo identificado na amostra do italiano foi o D8, que está distante geneticamente dos casos de D8 identificados nos demais surtos de 2018 no Brasil. Sendo assim, esse caso é considerado importado.
Segundo caso
O segundo caso confirmado é de um jovem adulto, de 25 anos, de profissão gesseiro, sem comprovante vacinal, residente em Contagem, também na Grande BH, e que saiu de Trindade (PE) no fim de janeiro. Ele foi atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da capital mineira e hospitalizado com suspeita de dengue, mas com clínica compatível com sarampo.
No período de transmissibilidade, trabalhou em condomínio fechado em um município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Não possui história evidente de contato suspeito.
Os sintomas iniciaram em 1º de março. Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo, nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável.
O genótipo identificado na amostra foi o D8, com características do genótipo do italiano. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares. Esse caso é considerado autóctone – quando que se origina da região onde é encontrado, onde se manifesta -, porém relacionado ao caso importado.
Terceiro caso
O terceiro caso é de uma criança de 1 ano, vacinada em novembro de 2018, que mora em Belo Horizonte, com início de sintomas em fevereiro deste ano. Foi atendido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da capital mineira, transferido para uma UPA e hospitalizado.
O paciente fez um deslocamento para a cidade de Carmópolis de Minas, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, e para a casa da avó, em Contagem (no período de incubação da doença); estuda em uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), foi à UBS local no período de transmissibilidade e não possui história evidente de contato suspeito. Foram realizados bloqueio vacinal e intensificação no quarteirão de onde ele mora, na escola e em familiares.
Apresentou resultado reagente de sorologia na primeira amostra. Já na segunda amostra, apresentou não reagente. No PCR apresentou resultado detectável para sarampo na Biologia Molecular pelo laboratório da Fiocruz/RJ, porém também não foi possível identificar o genótipo. O caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.
Quarto caso
O quarto caso confirmado é de uma adolescente, 13 anos, portadora de lúpus, que mora Belo Horizonte. Ela esteve em Porto Seguro (BA) e Almenara, na Região do Vale do Jequitinhonha Mineiro, em janeiro. Por apresentar quadro de artralgia, procurou por atendimento em Hospital de Contagem em fevereiro e o resultado foi reagente para dengue.
Em março, ela apresentou sintomas compatíveis com caso suspeito de sarampo e procurou uma UPA de Contagem. Foi orientada a buscar atendimento em Belo Horizonte, onde foi hospitalizada em isolamento.
Foi realizada a investigação e realização de exame, confirmando laboratorialmente como sarampo nas duas coletas testadas pela Funed, além de pesquisa de Biologia Molecular pela Técnica de PCR no Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ) com resultado detectável.
Por impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo da amostra enviada. Quanto às ações de controle, foi realizado bloqueio vacinal nos familiares e na UPA onde ocorreu o primeiro atendimento. Esse caso também é considerado autóctone, possivelmente relacionado aos casos anteriores, de acordo com o período de transmissibilidade.
Sobre o sarampo
O sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível, altamente contagiosa e comum na infância. A doença começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.
No quadro clínico clássico, as manifestações incluem tosse, coriza, rinorreia (rinite aguda), conjuntivite (olhos avermelhados), fotofobia (aversão à luz) e manchas de koplik (pequenos pontos esbranquiçados presentes na mucosa oral). A evolução da doença pode originar complicações infecciosas com amigdalites (mais comum em adultos), otites (mais comum em crianças), sinusites, encefalites e pneumonia, que podem levar à morte. As complicações frequentemente atacam crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
A transmissão ocorre de pessoa a pessoa por meio de secreções (ou aerossóis) presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Na presença de pessoas não imunizadas ou que nunca apresentaram sarampo, a doença pode se manter em níveis endêmicos, produzindo epidemias recorrentes.
Com G1