Um dia após ser agredido por um aluno de apenas 12 anos e mesmo afastado por licença médica, o professor Marco Antônio de Souza, 65, está de volta à Escola Municipal Marlene Pereira Rancante, no bairro Alípio de Melo, na região Noroeste da capital, nesta quinta-feira (3). O estudante usou uma caixa onde papéis para reciclagem eram armazenados para atingir o docente na cabeça.
Há 43 anos como educador, Souza lamentou o fato e cobrou maior aproximação das autoridades com escolas. Como pós-doutor em Culturas Políticas pela UFMG, ele acredita que o estudante precisa de auxílio, assim como a educação brasileira.
“Ele precisa ser ajudado, precisa ser assistido por algum profissional, alguém que consiga ajudá-lo a ver que está errado, que o caminho é outro. A educação está muito abandonada por parte das autoridades, os professores fazem das tripas o coração. Precisamos acelerar muito o diálogo entre família e escola. Sem isso, nada acontecerá”.
A agressão aconteceu no ano da despedida do professor da docência com a chegada de sua aposentadoria.
A avó materna do adolescente também defende que o garoto deva receber atendimento médico. Segundo ela, o menino sofre de depressão e, há algum tempo, ela tenta conseguir consultas gratuitas com um psicólogo para ele.
Relembre a agressão
Nessa quarta-feira (2), o aluno colocou a mochila nas costas 15 minutos antes do término da aula e foi repreendido pelo professor. Ele, então, agrediu o educador e tentou fugir da sala, mas foi contido pelos colegas e levado para a Polícia Militar por um membro da Guarda Municipal.
“Em 24 anos, é a primeira vez que vi chegar às vias de fato. A gente nunca teve relatos de episódios nessa situação. Tem alguns problemas de indisciplina sim, como toda escola, mas violência, neste formato, foi a primeira vez que aconteceu, e todas as providências foram tomadas. Foi inesperado, porque este aluno nunca teve este tipo de atitude”, comentou a diretora da instituição, Márcia Nunes Santos.
Providências e aulas
A agressão registrada é a segunda em uma semana na mesma escola. A Secretaria Municipal de Educação não confirmou este segundo episódio de violência e alega que o caso do professor de Souza é isolado.
A diretora regional de educação da Pampulha, Alessandra Teixeira, compareceu à escola para conversar com a direção e com os professores. Segundo ela, a comunidade escolar será ouvida e acolhida para que sejam definidas as providências a serem tomadas.
“É muito importante deixar claro que isso não representa o trabalho feito nesta escola. Além dos desdobramentos judiciais, temos também providências da Secretaria Municipal de Educação. Precisamos ressignificar essas relações, discutir com todos os segmentos da escola o ato de violência que aconteceu, vamos envolver estudantes, pais e a própria gestão”, pontua Teixeira.
Ainda segundo ela, o futuro do aluno que cometeu a agressão será decidido após conversas com toda a comunidade escolar. “Se a gente decidir chegar à conclusão de que é melhor ele ser transferido neste contexto, de que não é bom para ele e para o grupo que ele permaneça aqui, pode ser que ele seja, sim, transferido”, conclui.
Apesar dos protestos de colegas do professor agredido, as aulas não foram suspensas nesta quinta-feira (3) para os cerca de 300 alunos no turno da manhã, como também estão previstas para acontecer normalmente para os 600 estudantes da tarde.
Com Super Notícia