A competitividade do mercado de trabalho tem levado as pessoas a procurarem, cada vez mais, capacitação profissional. Seja para trabalhar em empresa de terceiros ou para montar o próprio negócio, qualificação se tornou palavra de ordem. Atento a isso, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) criou, em 2004, o projeto estruturador Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado, que tem por objetivo ampliar a mão-de-obra local e regional, por meio da capacitação profissional e da inclusão digital.
Os cursos são realizados nos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) e Telecentros, de acordo com a vocação econômica da cidade e demanda local. Gamarano explica que são feitos estudos nas regiões para levantar quais as suas necessidades e potenciais. “Em Nova Serrana, por exemplo, por ser um polo industrial de fabricação de calçados, há uma grande oferta de vagas para profissionais de recursos humanos, mas pouca oferta de pessoal. Recentemente a unidade promoveu um curso de qualificação na área”. Outro exemplo citado por Gamarano é o Laboratório de Biocombustível a ser implantado no CVT de Brasília de Minas. “O Norte de Minas é polo na produção de biocombustível. Percebemos a necessidade de um laboratório capaz de oferecer capacitação de acordo com a vocação da região. Assim, estamos contribuindo para acelerar a economia do município e região, e para a melhoria de vida da população”, afirma.
Um dos primeiros alunos do CVT de Sabará, Jessé de Jesus Santos, 21 anos, conquistou o primeiro emprego após fazer cursos de informática. Ao final do curso foi indicado para uma vaga de monitor no próprio CVT. A qualificação e experiência renderam o segundo emprego como instrutor em uma empresa de computação da região. “Procurei o CVT para fazer curso e foi o ponto de partida para a profissão que eu queira exercer. Hoje, me divido entre os dois empregos e ainda faço curso superior de Sistemas para Internet”, conta Jessé.
Depois de realizar o curso de Secretariado no CVT de Formiga, Viviane Aparecida Matos, de 26 anos, conquistou o tão almejado emprego. “Tentei por várias vezes, mas sem sucesso. Até que fiquei sabendo do curso. Aprendi todas as funções competentes à profissão, como controlar agenda, redigir ofícios, escrever cartas e utilizar o computador. O curso foi fundamental para conseguir emprego”, conta Viviane, que há três anos trabalha na secretaria da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Formiga.
Jean Fernandes, 31 anos, destaca a qualidade dos cursos oferecidos pela Rede. Em 2009 procurou o CVT de Itajubá em busca de qualificação. Na época desempregado, fez o curso de Empreendedorismo e Plano de Negócios no CVT. Segundo ele, o conteúdo abordou desde montar uma empresa até a relação interpessoal. “O curso é muito amplo. Chegamos a desenvolver e vender produtos e a gerir uma empresa. Aprendemos a trabalhar em equipe e a lidar com o nosso psicológico”, descreve Jean que já trabalha em uma fábrica de helicópteros da cidade.
Investimentos
Em 2009, a Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado se consolidou com a conclusão da implantação de 571 unidades interligadas em banda larga. São 84 CVTs e 487 Telecentros e 4,5 mil microcomputadores conectados, configurando Minas Gerais como o estado que tem o maior programa de inclusão digital e social do País.
A estrutura totaliza o investimento de R$ 90 milhões, recursos provenientes do Governo de Minas e do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio de emendas parlamentares. Na montagem de um CVT são gastos, em média, R$ 600 mil, e de um Telecentro, R$ 50 mil. As unidades são mantidas pelo Governo de Minas, em parceria com as Prefeituras e entidades gestoras, como ONGs, organizações da sociedade civil e entidades.
Os Telecentros são laboratórios de informática equipados com 5 a 10 computadores conectados à internet, um servidor, impressora, softwares atualizados e móveis ergonômicos para a realização de cursos de inclusão digital.
Os CVTs são centros de excelência voltados para a capacitação tecnológica e profissional, de acordo com a vocação econômica da região. Cada unidade conta com: duas Salas de Inclusão Digital equipadas com 20 computadores conectados à internet, servidor, impressora, softwares e móveis ergonômicos; Sala de Videoconferência montada com projetor de multimídia, câmera, microfones, módulo para entrada de dados e conexão de notebooks, aparelhos de conexão e codificação de vídeo, possibilitando a realização de seminários, palestras e cursos à distância; Laboratório Vocacional destinado ao desenvolvimento e aprimoramento das vocações econômicas locais e regionais e Núcleo de Apoio ao Empreendedor – NAE que se destina a orientar os pequenos e microempresários a montar e gerir o próprio negócio.
Atualmente, um grupo de 15 artesãs, ex-alunas do CVT de Pedra Azul, montou uma cooperativa. Elas se reúnem duas vezes por semana no Laboratório Vocacional para a confecção de peças que são comercializadas. “As artesãs encontraram no sistema de cooperativa uma forma de gerar renda alternativa. Do lucro, separam uma parcela para compra de material e o restante dividem entre elas”, explica a coordenadora geral do CVT Solange Berloffa.
Alfabetização
Uma das frentes da Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado é possibilitar ao cidadão o acesso ao computador. Por isso, o subsecretário Vicente Gamarano chama a atenção para os investimentos do projeto na inclusão digital. “O domínio das tecnologias é pré-requisito imprescindível para ingressar no mercado de trabalho. Estamos vivendo na era das novas redes sociais, da chamada web 2.0. Uma pessoa que não domina os conceitos básicos de informática dificilmente conseguirá crescer profissionalmente. Hoje, a pessoa encontra nos CVTs e Telecentros qualificação básica em informática como Word, Excel e Internet, e também softwares avançados para aprimoramento”, explica.
A professora particular de inglês, Karina Freire, de 37 anos, procurou o CVT de São João del-Rei para aperfeiçoar o domínio do computador. Hoje, todo professor precisa saber utilizar o computador. A informática será mais um diferencial na minha profissão”, afirma Karine.
Agencia Minas