O rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas, completa quatro anos nesta terça-feira. São quatro anos sem punição, quatro anos que as famílias esperam por um reassentamento. Quatro anos de um rio morto. Quatro anos de impactos irreparáveis para a saúde e para o meio ambiente. Quatro anos de saudade para quem perdeu um familiar ou um amigo. A repórter Mônica Miranda, uma das primeiras a chegar em Mariana no dia do rompimento, está na cidade. Vários atos estão marcados ao longo do dia.
O rompimento da barragem de Fundão deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama que destruiu casas, sonhos, rios e o meio ambiente. Pelas contas do Ministério Público, 700 mil pessoas foram atingidas no território devastado pela lama, entre Minas e o Espírito Santo. A Renova, fundação criada pela Samarco para atender as vítimas, calcula que 319 mil pessoas receberam algum tipo de indenização ou auxílio financeiro emergencial.
A lama da Samarco atravessou mais de 700 km do rio Doce e chegou ao mar. Até hoje, famílias que dependiam do rio para sobreviver sofrem as consequências. “Vivemos agora uma situação diferente. No início, veio a questão da lama, a morte dos animais e dos peixes. Costumo dizer que o Rio Doce ficou inabitável, porque não há vida no rio. A longo prazo, estão vindo os outros problemas, como doenças de pele e respiratórias”, diz o indígena Geovani Krenak, que participou na última da 4ª Semana de Estudos Amazônicos (Semea), em Belo Horizonte.
Justiça
Em 2016, 22 pessoas se tornaram rés da ação penal. No entanto, 13 foram excluídas do processo. Neste ano, a acusação de homicídio e lesão corporal dos outros nove acusados foi excluída pela Justiça federal. Com isso, eles respondem por inundação qualificada.
As famílias de Bento Rodrigues, lugarejo devastado pela lama, ainda aguardam a construção de um novo distrito, pois a obra está atrasada e deve ficar pronta no fim de 2020.
No dia 25 de outubro, o Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam) concedeu licença que permite a Samarco voltar a operar em Mariana. Somente um dos 12 conselheiros votou a favor.
Com Itatiaia