Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público, culminou com a decretação da prisão de 21 vereadores de Uberlândia nesta segunda-feira (16). As prisões decretadas são temporárias e envolvem titulares e suplentes. A investigação aponta para supostos desvios de verba de gabinete.
Agora, a cidade do Triângulo Mineiro tem 22 dos 30 vereadores com prisão decretada ou afastados dos cargos. Isso porque, desde outubro, no início da operação, três vereadores foram afastados. Um continua detido e outro cumpre regime domiciliar. A Câmara de Uberlândia tem 27 cadeiras. Porém, com o afastamento de três em outubro, suplentes assumiram.
Alvos das operaçãos de outubro e está segunda: Alexandre Nogueira (PSD), Ceará (PSC), Doca Mastroiano (PL), Flávia Carvalho (PDT), Dr. Jussara (PSB), Felipe Felps (PSB), Hélio Ferraz (PSDB), Isac Cruz (Republicanos), Juliano Modesto (Solidariedade), Marcelo Cunha (sem partido), Márcio Nobre (PSD), Pamela Volp (PP), Paulo César (Solidariedade), Ricardo Santos (PP), Rodi Borges (PL), Roger Dantas (Patriota), Ronaldo Alves (PSC), Silésio Miranda (PT), Vico (Cidadania), Vilmar Resende (PSB), Wender Marques (PSB) e Wilson Pinheiro (PP).
Não são alvo das operações: Adriano Zago (MDB), Antonio Carrijo (PSDB), Leandro Neves (PSD), Michele Bretas (Avante), Pastor Átila Carvalho, Sargento Ednaldo, Thiago Fernandes (PRP) e Walquir Amaral (Solidariedade).
A reportagem tenta contato com as defesas e também com vereadores que não está sob investigação.
A vereadora Michele Bretas, que não é investigada, disse que espera que a Justiça puna quem, comprovadamente, for culpado e que os inocentes provem que não cometeram atos de corrupção. “É uma situação que mancha não só a Câmara, mas a cidade”, disse.
Antecedentes
A ação é um desdobramento da chamada Operação “O Poderoso Chefão”, realizada em 25 de outubro – mesmo dia em que o Gaeco deflagrou outras duas operações (Mercúrio e Torre de Babel). Na ocasião, dois vereadores de Uberlândia foram detidos: Alexandre Nogueira (PSD) e Wilson Pinheiro (PP).
Nogueira, que desde o dia 2 de dezembro cumpria prisão domiciliar graças a um alvará judicial, voltou a ser detido hoje e levado para a delegacia de Uberlândia. Um terceiro vereador que já vinha sendo investigado, Juliano Modesto (SD), já tinha sido detido em 15 de outubro, alvo da primeira fase da Torre de Babel. Os três já estavam afastados dos cargos.
Inicialmente, a Operação “O Poderoso Chefão” investigava suspeitas de irregularidades na contratação da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas de Uberlândia (Coopass). Em outubro, quando Nogueira e Pinheiro foram detidos, o promotor Daniel Marotta Martinez disse a jornalistas que, só em 2016, foram desviados ao menos R$ 7 milhões dos cofres municipais por meio do contrato com a cooperativa.
Na mesma ocasião, o promotor afirmou que os investigados integravam uma “organização criminosa” que dominou o serviço público de transporte entre 2007 e 2018. Já o promotor Adriano Bozola acusou o vereador Alexandre Nogueira de ser o verdadeiro responsável não só pela Coopas, mas também pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), outra cooperativa que chegou a substituir a primeira após o então prefeito, Gilmar Machado (PT), cancelar o contrato com a Coopas.
Sessões
Com as prisões desta segunda-feira, as sessões extraordinárias na Câmara de Uberlândia ficam prejudicadas por ora. Isso porque, caso haja necessidade de votação urgente, os suplentes de vereadores terão que ser nomeados primeiro para ocorrer qualquer votação.
Sessões ordinárias já estão suspensas, porque o recesso no Legislativo começou na última sexta-feira (13).
Outro Lado
A reportagem tenta contato com advogados e assessores dos vereadores investigados. Defensores de vereadores estão reunindo documentos que, segundo eles, comprovarão a inocência dos parlamentares.
Em contato com a assessoria de imprensa da Câmara, a reportagem foi informada de que não houve, até o momento, intimação junto ao Legislativo.
Agentes do Gaeco foram à Câmara logo pela manhã e levaram documentos e equipamentos que serão utilizados durante a investigação.
*Matéria em atualização
Com O Tempo e Agência Brasil