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Temporal assusta vizinhos de barragens em Minas Gerais

As fortes chuvas que atingem vários municípios de Minas Gerais causando morte e devastação tem tirado o sono de moradores de áreas próximas a barragens de rejeitos. Em Congonhas, na região Central do Estado, por exemplo, onde tem 18 reservatórios, incluindo a estrutura de Casa de Pedra, da CSN, que é o maior em área urbana da América Latina, centenas de moradores temem que o temporal sirva de gatilho para um possível rompimento de alguma estrutura.

Foto: Cristiane MattosFoto: Cristiane Mattos

No caso da barragem da CSN, antes mesmo do início do período chuvoso, o Ministério Público de Minas Gerais já alertava para a necessidade de retirada de 3.000 moradores do entorno da barragem. Uma ação impetrada pelo órgão tramita na Justiça. No ano passado, o MP já tinha conseguido retirar a escola e a creche que funcionavam no bairro mais próximo da estrutura.

“Se a própria Justiça alega que não dá para a escola e a creche funcionarem lá, fica evidente que não dá para as pessoas viverem a poucos metros da estrutura. Em caso de rompimento da barragem, não dá tempo para ninguém fugir. E esses moradores já estavam lá antes de a barragem ser construída”, afirma o promotor de meio ambiente da Comarca de Congonhas, Vinícius Alcântara Galvão.

É exatamente essa falta de tempo para fuga que tem gerado pânico entre a população local, sobretudo mediante os temporais que já causaram deslizamentos na cidade. “Aqui está chovendo muito. Enchente por aqui sempre foi corriqueiro, mas o nosso maior medo não é esse. Todo mundo aqui está em pânico com medo de a barragem encher muito e romper”, conta o presidente da Associação de Moradores do Residencial Gualter Monteiro, Warley Ferreira Costa.

A distância entre a casa dele e a barragem de Casa de Pedra é de apenas 300 metros. “Se aquela estrutura romper, minha casa é atingida em 10 segundos. Dá tempo nem de pensar, quem dirá correr”, afirma. Segundo ele, nesta semana de fortes chuvas, a empresa ainda não se reuniu com os moradores para tranquilizá-los. “Até o escritório deles que ficava aqui no bairro eles fecharam. Ligamos no telefone 0800 que é o de atendimento aos moradores e ninguém atende. A gente quer ter uma resposta sobre os reais riscos que estamos expostos”, afirma.

Segundo o secretário de Meio Ambiente de Congonhas, Neylor Aarão, equipes da secretaria estiveram nas principais estruturas de rejeitos localizadas na cidade. E, até o momento, todas elas estão visualmente em condições normais.

“Estamos acompanhando e os retornos que tivemos da Defesa Civil e da Agência Nacional de Mineração foram de que não houve alteração nos níveis de seguranças de barragens”, afirma. Apesar de ponderar que as estruturas estão aptas para receber chuvas milenares, ele admite a necessidade de acompanhamento constante: “Não dá para dizer que estamos tranquilos com uma barragem dessa proporção instalada dentro da cidade”, afirma.

A CSN foi procurada pela reportagem e ainda não respondeu aos questionamentos. A matéria será atualizada quando houver um retorno.

Com O Tempo



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