Quatro famílias moradoras de Macacos, distrito de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, precisaram deixar suas casas entre essa segunda-feira (27) e esta terça-feira (28) por risco de rompimento da barragem B3/B3 da mina Mar Azul, da Vale. Mineradora garante que medida é preventiva e que barragem não sofreu quaisquer alterações estruturais.
A estrutura está em estado de alerta desde o ano passado, classificada em nível 3 – quando o rompimento está acontecendo ou quando há risco iminente de que ele aconteça.
Nas próximas horas, moradores de uma quinta casa também podem ser retirados do imóvel, como confirmou a Prefeitura de Nova Lima à reportagem. Os residentes no município deverão ser encaminhados a um hotel ou permanecerão hospedados com familiares.
De acordo com o município, um novo estudo teria sido encomendado pela Vale e, nele, a área de risco – dam break – aparece ampliada. Com isso, a mineradora teria decidido retirar os moradores que também seriam atingidos em caso de rompimento.
Questionada, a Vale declarou que a realocação das quatro famílias é apenas preventiva e que os dados técnicos da barragem seguem inalterados. Segundo a mineradora, a medida leva em conta um termo firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para justamente revisar o mapa de dam break de todas as barragens do Estado. Além das famílias, animais que vivem na nova área de mancha serão resgatados e abrigados em uma fazenda na região.
Situação crítica
Duzentos moradores de São Sebastião das Águas Claras (Macacos) saíram às pressas de suas casas em 16 de fevereiro do ano passado, quando sirenes soaram pela primeira vez no distrito e alertaram para o risco de colapso da barragem B3/B4 da mina Mar Azul. À época, o protocolo do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) havia sido acionado e, com isso, o nível de alerta na estrutura subiu para 2.
Pouco mais de um mês depois, as sirenes soaram novamente no distrito e alertou os moradores para o novo nível de alerta, 3, que significa elevado risco de colapso ou, pior, que a barragem já está em processo de rompimento.
A B3/B4 da mina Mar Azul comporta três milhões de metros cúbicos e segue o modelo à montante, considerado o mais perigoso pela Agência Nacional de Mineração. O mesmo usado nas barragens que se romperam em Brumadinho – cujo crime completou um ano em 25 deste mês – e Mariana.
Leia a nota da Vale na íntegra:
Nova Lima, 28 de janeiro de 2020 – A Vale informa que irá realocar, nesta terça (28/01), outras quatro famílias residentes na região de Macacos, em Nova Lima (MG). A medida, de caráter preventivo, leva em conta o Termo de Compromisso firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para revisão do dam break de todas as barragens em Minas Gerais. Resultados preliminares sugeriram uma mancha de inundação próxima do horizonte que considera 100% do carreamento de rejeitos em um cenário extremo de rompimento, o que implica na realocação. A operação será conduzida pela Defesa Civil com o apoio da Vale. As famílias serão acomodadas em hotéis da região e receberão assistência integral da empresa. Os animais resgatados serão abrigados na Fazenda do Engenho, sob os cuidados de 90 funcionários, entre médicos veterinários, biólogos e auxiliares.
Cabe ressaltar que não houve alteração nos dados técnicos da B3/B4 ao longo dos últimos meses e que as últimas inspeções não detectaram anomalias. Em algumas barragens localizadas em regiões mais afetadas pelas chuvas, como é o caso da B3/B4, a Vale instalou bombas adicionais para aumentar a vazão da água dos reservatórios para os sistemas de drenagem. A barragem é monitorada 24 horas por dia por meio de vídeo, radar e satélite. Também possui estações robóticas capazes de detectar movimentações milimétricas. Entre as melhorias que vêm sendo realizadas continuamente estão o rebaixamento do nível de água dos reservatórios, a limpeza dos canais de drenagem, a perfuração de poços e a construção de canais de cintura para evitar a contribuição de água da chuva para o interior da estrutura.
Com O Tempo