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Mulher abandonada em frente a supermercado de BH relata falta de humanidade: ‘Tive medo de morrer’

Mikaela Bezerra Palma, de 31 anos, viveu na segunda-feira (23) uma situação que ela não deseja para ninguém. Atendente de uma casa lotérica, ela foi abandonada passando mal em frente a supermercado no bairro Castelo, região da Pampulha. A mulher relatou que as pessoas não a socorreram por medo de que ela estivesse contaminada pelo novo coronavírus. “Falta de respeito, de humanidade, fiquei muito abalada com tudo que aconteceu”, desabafa.

Foto: Reprodução/Mídias SociaisFoto: Reprodução/Mídias Sociais

Ainda triste com o ocorrido, Mikaela relata os momentos anteriores ao vídeo que a mostra jogada ao chão. “Comecei a sentir mal dentro da lotérica, com tosse e falta de ar, ai eu saí para o lado de fora, onde há mais ventilação e me escorei na parede do supermercado. Como os sintomas foram piorando, acabei deitando no chão”, explica.

A mulher explica que apesar de tomar medicamentos controlados nada parecido ocorreu antes. Ela revela que teve receio de morrer, mas que contou com o apoio das colegas de trabalho. “Tive muito medo de morrer. Só as minhas amigas da lotérica que ficaram comigo. As outras pessoas só estavam preocupada em filmar”, diz.

“Como minhas amigas da lotérica não possuem carro, elas chamaram o SAMU, mas nenhuma ambulância apareceu. Elas, então, passaram a chamar Uber, 99 Pop, Taxi, mas todos se negaram a me levar por acharem que eu estava com coronavírus”, relembra.

Mikaela foi socorrida pelo namorado, que precisou deixar o trabalho para buscá-la. ”As demais pessoas que passaram pelo local é aquilo que vocês viram nos vídeos”.

Desespero da família

Os vídeos aos quais ela se refere rapidamente foram publicados nas redes sociais. Nas imagens é possível observar várias pessoas passando pelo local, mas a maioria ignora a situação. Em questão de minutos, as imagens chegaram a Pirapora, no Norte de Minas, cidade em que mora a família de Mikaela.

“Fui pega de surpresa com minha mãe me ligando desesperada. Minha família ficou toda preocupada. Tenho três filhas, sendo que as duas mais novas, uma de 9 e a outra de 10 anos começaram a chorar pensando que eu tinha morrido, toda a cidade ficou sabendo”, conta.

Atendimento na UPA

Mikaela mudou-se para Belo Horizonte há um ano e meio. Inicialmente trabalhou em um shopping e desde o início do ano passou a trabalhar na lotérica onde tudo ocorreu. Ela foi atendida na UPA Centro-Sul. “Lá eu fui super bem atendida e recebi as orientações da médica” relata.

Como os sintomas apresentados por Mikaela são parecidos com os do coronavírus, ela fez exames e recebeu a recomendação de ficar em casa por pelo menos 11 dias. “Estou na casa do meu namorado, isolada, para não colocar ninguém em risco. Aliás, eu nunca quis colocar as pessoas em risco, mas agora, após apresentar os sintomas, estou tomando ainda mais cuidado e percebo que não é brincadeira. A doença é coisa séria, mas também não podemos deixar as pessoas abandonadas por ai”, pondera.

O que diz o Samu?

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que foi acionado e chegou a fazer um atendimento por telefone. A Secretaria Municipal de Saúde de BH, que responde pelo serviço, afirma que os sintomas apresentados pela atendente não configuravam um quadro de urgência/emergência e, por isso a ambulância não foi ao local.

Como devemos agir?

Mesmo com alguns sintomas de coronavírus, a decisão das pessoas de não prestar socorro a Mikaela foi equivocada, conforme explica o infectologista Estevão Urbano.

“Se alguém se deparar com uma pessoa com sintomas e pedindo socorro, deve ter uma reação normal: ajudar a pessoa. Depois de prestar o socorro, é só higienizar as mãos, como está sendo intensamente divulgado nos últimos dias”, afirma o especialista.

Em casos mais graves, se a pessoa estiver tossindo ou com secreções respiratórias, basta colocar uma máscara. “Se não houver esses sintomas, não há nem mesmo a necessidade de colocar o equipamento”, complementa. E, lógico, após a ajuda, higienizar bem as mãos.

Por fim, o estudioso reforça que “Ninguém está andando e cai, de uma hora para outra, por causa do vírus. Esses casos mais graves, que evoluem até mesmo para morte, ocorrem depois de vários dias de CTI, no hospital”, finaliza.

Com BHAZ



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