A pandemia da Covid-19 e a necessidade de isolamento social para frear a propagação do novo coronavírus fizeram cair em 40% o número de doadores no Hemominas. As 4.901 bolsas de sangue estocadas não são suficientes para atender à demanda do Estado nos próximos cinco dias. Conforme o hemocentro, seriam necessárias 5.175. A situação pode ficar ainda mais crítica se pacientes com complicações da nova doença precisarem de transfusão.
Normalmente, o tratamento do novo coronavírus não inclui o procedimento. Mas, segundo o infectologista Unaí Tupinambá, alguns doentes graves podem sim precisar de sangue. Por isso, o médico, que integra o Comitê de Enfrentamento da Epidemia da Covid-19, criado pela Prefeitura de BH, faz um apelo. “Mais do que nunca, quem está bem (de saúde) e tem o perfil de doador deve entrar em contato com o Hemominas e fazer a doação”.
Gerente de captação e cadastro do Hemominas, Viviane Guerra destaca que cada doador pode salvar até quatro vidas. “O sangue é um remédio diferente de qualquer outro. A gente não produz, não compra e depende exclusivamente da solidariedade”.
Foi a vontade de ajudar o próximo que tirou a relações públicas e estudante de Letras Maria Luíza Sarmento, de 31 anos, do isolamento social somente para doar sangue. “Estava chateada (com o cenário e as consequências da pandemia) e uma amiga me ligou para me incentivar. Ela disse: ‘tem gente que chora e tem gente que vende lenço’. Neste momento, decidir fazer a doação. Não quero ser a pessoa que chora, pois sei que tem gente em situação pior”, lembrou.
Na semana passada, Maria Luíza agendou a doação e, tomando todas as medidas de segurança preconizadas pelo Ministério da Saúde, fez a boa ação. “A gente ajuda, mas acaba sendo ajudado. A questão da saúde mental é muito importante. Esse ato de ir lá me ajudou muito mentalmente”, diz.
Agendamento
O Hemominas adotou novas regras para garantir a segurança dos doadores e funcionários do local: distanciamento de pelo menos um metro, uso de álcool em gel em todos os processos da triagem, desinfecção mais rigorosa do espaço e atendimento somente por agendamento. Tudo para evitar agolomerações.
Os interessados devem acessar o site da fundação ou marcar um horário pelo aplicativo MG App.
Queda preocupante
Para manter o estoque de sangue suficiente para atender todo o Estado, o Hemominas precisa de 1.200 doações por dia. Contudo, com o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, os centros de coleta espalhados por Minas não têm recebido mais do que 720 doações diárias.
O fluxo abaixo da média – principalmente dos tipos sanguíneos O positivo e O negativo – preocupa, uma vez que além de possíveis vítimas da Covid-19, outros pacientes também aguardam transfusões. Casos das pessoas que sofrem acidentes, cirurgias complexas e tratamentos oncológicos.
“O avanço do coronavírus tem causado ansiedade nas pessoas, mas a gente lembra que a demanda de sangue continua. Precisamos atender todos os dias as pessoas na urgência, emergência e ambulatórios”, frisa Viviane Guerra.
Ajuda
O material coletado pela fundação atende 94% da demanda do Estado, sendo repassado a hospitais públicos, filantrópicos e alguns privados. “No Hemominas, a pessoa não corre risco. Estamos cercados de todos os cuidados para garantir a segurança do doador”, garante Viviane Guerra.
Quem pode doar
-Pessoas entre 16 e 69 anos
Intervalo
90 dias para mulheres
60 dias para homens
Seis meses para idosos com mais de 60 anos
Sintomas comuns que impedem a doação
– Febre sem outros sintomas associados: aguardar sete dias após a melhora do sintoma;
– Febre de origem indeterminada: aguardar diagnóstico ou, no mínimo, três meses sem febre;
– Diarreia sem necessidade de uso de antibióticos: aguardar sete dias após a melhora dos sintomas;
– Gripe ou resfriado: aguardar sete dias após a melhora dos sintomas. Se associada à temperatura corporal igual ou superior a 38°C, aguardar 14 dias após a melhora dos sintomas.
Agendamento
Pelo site hemominas.mg.gov.br ou aplicativo MG App
Com Hoje em Dia