Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais pode criar um novo tipo de teste para identificar a presença do Sars-CoV2, vírus causador da Covid-19, com o intermédio de um simples smartphone. Considerado pelos pesquisadores responsáveis como um híbrido entre o PCR e o teste rápido, a previsão é de que o mecanismo de alta precisão chegue com custo baixo no mercado.
Maria de Fátima Leite, professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e uma das coordenadoras do projeto, explica que o caráter híbrido do teste se dá pela junção de duas qualidades importantes dos que já estão no mercado. “Será um teste rápido, com previsão de resultado em até 20 minutos, mas com a precisão do teste padrão ouro, que é o PCR”, comparou.
O teste utilizará uma lâmina parecida com as que são usadas para os testes rápidos comuns, onde será depositada uma amostra da saliva do paciente. Ali, uma molécula sintética desenvolvida pela equipe de bioengenharia consegue capturar o vírus, caso ele esteja presente, e criar uma reação. Em seguida, uma solução reveladora é adicionada ao material. É nessa etapa que entra o celular. “Ao apontar a câmera, a luz de led que sai do celular reage com a solução reveladora e mostra, além da presença do vírus, a quantidade de vírus no corpo do paciente”, explica a professora.
A identificação é feita a partir de um aplicativo para smartphone, que estará conectado com o banco de dados do SUS, permitindo a comunicação imediata em caso de positividade e o monitoramento em tempo real da situação epidemiológica no país. “É importante que, mesmo com o surgimento da vacina, tenhamos um teste rápido e portátil, pensando em pessoas que moram em locais de difícil acesso, porque aí é possível mapear casos isolados, propor estratégias mais assertivas, é um controle epidemiologico pra além da pandemia”, defende.
A previsão da pesquisadora, que coordena o estudo ao lado de 15 professores das escolas de Engenharia, Veterinária e do ICB, é que o teste esteja disponível no ano que vem e custe cerca de US$ 10. O projeto de pesquisa tem previsão de durar três anos e expandir a abrangência do teste para identificar outros vírus endêmicos no país, como o da febre amarela.
Com O Tempo