Enquanto um quinto ônibus era incendiado em uma semana na região metropolitana de Belo Horizonte na noite dessa quarta-feira (16), a Polícia Militar (PM) conseguiu capturar no aglomerado Vila da Luz, às margens do Anel Rodoviário, dois suspeitos que seriam os autores do primeiro incêndio registrado no período – o crime aconteceu na quarta-feira passada (9) no bairro Jardim Vitória na região Nordeste, e a polícia acredita que a sequência de crimes tenha sido ordenada por detentos encarcerados em penitenciárias de BH e da região.
Os suspeitos detidos nessa noite no aglomerado mantêm relação com o tráfico de drogas na região. Eles têm 18 e 31 anos, e no barracão de um deles os militares encontraram um galão com combustível. Com eles a polícia também apreendeu 10 barras de maconha, 49 pedras de substância semelhante a crack, R$ 89, dois rádios comunicadores e duas submetralhadoras de fabricação caseira. Uma série de denúncias e relatos anônimos feitos por moradores da região ajudou a polícia a descobrir o paradeiro da dupla de suspeitos.
A primeira ligação foi feita à PM ainda na semana anterior e, de acordo com o denunciante, na noite do crime um dos suspeitos – conhecido como “Gigante” – embarcou em um carro de cor escura levando consigo um galão com líquido semelhante a gasolina. Outros informantes disseram que este homem e seu comparsa saíram minutos antes do crime de um barracão no aglomerado Vila da Luz carregando também armas de cano longo.
Frente as informações, a Polícia Militar realizou nessa quarta-feira (16) uma operação no aglomerado Vila da Luz e conseguiu encontrar os dois suspeitos mencionados na denúncia. O homem conhecido como “Gigante” tentou fugir correndo por vielas, mas acabou alcançado. Os militares encontraram com ele uma chave que garantiu a abertura da porta do barracão. O espaço, segundo relatos anônimos, é usado para preparação de drogas. Dez barras de maconha e armas de fabricação caseira estão entre os objetos encontrados no imóvel, além do galão com gasolina e um rádio comunicador.
O segundo suspeito detido pela PM se escondia em um ponto do aglomerado que permitia que ele visse quaisquer movimentações atípicas. Logo que percebeu a chegada da polícia, ele saiu correndo gritando: “azul, azul, azul”, mas acabou capturado. De acordo com a PM, as palavras ditas pelo suspeito durante a fuga são uma forma de comunicar aos outros criminosos na região sobre a presença da polícia. Todos os materiais encontrados foram apreendidos.
Cinco ônibus queimados
Chegou a cinco, nessa quarta-feira (16), o número de ônibus incendiados em Belo Horizonte e região metropolitana. O veículo destruído na noite anterior estava em um ponto final Ribeirão das Neves. Os suspeitos, quatro adolescentes, embarcaram no ônibus da linha 607 (Estação Vilarinho/Esplendor) e nele seguiram até o final, quando mandaram que o motorista descesse e atearam fogo no veículo. Um bilhete deixado pelo grupo alega que o crime é uma resposta a uma prisão irregular ocorrida no município. Um dos suspeitos teria até usado uma submetralhadora para intimidar o motorista.
Este foi o quinto ônibus queimado em uma semana na região metropolitana de BH. O primeiro crime aconteceu no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste de Belo Horizonte, na quarta-feira passada (9), e os suspeitos deixaram com o motorista uma carta pedindo melhores condições de sobrevivência para detentos encarcerados na Penitenciária Nelson Hungria. O segundo incêndio aconteceu no mesmo bairro. Já no sábado (12), criminosos atearam fogo a um ônibus da linha 705 (Estação São Gabriel/São Tomaz) no bairro Jardim Felicidade na região Norte da capital mineira. O quarto incêndio criminoso aconteceu três dias depois na terça-feira (15) em Vespasiano, na região metropolitana. A Polícia Militar realizou na terça uma operação para combater este tipo de crime no entorno de Belo Horizonte.
De lá para cá, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) encerrou mais cedo, em quatro oportunidades, o atendimento na estação São Gabriel. Linhas estão parando de circular mais cedo desde o domingo (13) e viagens de linhas alimentadoras entre 20h e 22h só são feitas sob escolta policial. Ainda na noite de quarta-feira (16), após a queima do quinto ônibus, o SetraBH expediu uma determinação emergencial para interrupção completa do atendimento nas estações Venda Nova e Vilarinho até “o dia clarear”. Estima-se um prejuízo em torno de R$ 2 milhões para reposição dos ônibus queimados. De acordo com o SetraBH, sete ônibus ao todo foram destruídos em incêndios criminosos em Belo Horizonte e na região metropolitana desde o começo do ano. O seguro contratado pelas concessionárias não cobre este tipo de dano.
Da Redação com OT