Apenas as macrorregiões Leste e Vale do Aço permanecem na faixa da onda amarela do programa Minas Consciente. Embora a taxa de mortalidade por Covid-19 a cada 100 mil habitantes em Minas Gerais seja menor do que a nacional, algumas das cidades mais populosas dessas regiões apresentam uma taxa maior que o dobro da mineira e superior à do Brasil.
A taxa de mortalidade em Governador Valadares, na região Leste, é a mais alta entre os municípios mineiros com mais de 50 mil habitantes: são 105,6 mortes a cada 100 mil pessoas. A média móvel da última semana mostra que o aumento de óbitos no município de cerca de 281 mil pessoas está em declínio, mas a quantidade de casos da doença tem tendência de alta, diferentemente da média do Estado, que está em um nível estável.
A Secretaria Municipal de Saúde da cidade admite o número elevado, mas afirma que ele não se deve à falta de atendimento ou de leitos, que informa ter sido ampliados. Ela pontua que a taxa de recuperação de paciente no município é de 94,5%, superior à do Estado e do Brasil.
Em Ipatinga, cidade mais populosa do Vale do Aço, a cada 100 mil habitantes, houve 84,4 mortes por Covid-19. O número supera em quase duas vezes a taxa calculada para todo o Estado, em que foram 43,4 óbitos confirmados a cada 100 mil habitantes, e também passa a brasileira, que é 77,1.
Com menos habitantes que Ipatinga, Timóteo é a cidade com mais de 50 mil habitantes da região que tem, proporcionalmente, mais mortes: a taxa de mortalidade no município é de 92,7 por 100 mil habitantes. Na cidade de cerca de 90,6 mil moradores, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) registrou 84 óbitos.
Na cidade de Santana do Paraíso, também no Vale do Aço, a justificativa da prefeitura para a taxa de mortalidade mais elevada que a do Estado é uma suposta desatualização dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O instituto estima que haja 35,4 mil pessoas na cidade, mas, segundo a diretora do departamento de Vigilância em Saúde da cidade, Marcilene Alves, a cidade foi uma das que mais cresceu na região nos últimos 10 anos e teria cerca de 50 mil habitantes. Com isso, a taxa de 81,9 mortes por 100 mil pessoas cairia para aproximadamente 58 — número ainda mais alto que o do Estado.
Entenda diferença entre taxa de mortalidade e taxa de letalidade
A taxa de mortalidade divide o número de pessoas que morreram por Covid-19 pela população em geral de cada lugar. Já a taxa de letalidade é a razão entre os óbitos e os casos confirmados da doença nas cidades.
“A taxa de mortalidade indica o risco de morrer por Covid-19 em determinado local, enquanto a taxa de letalidade é uma medida da gravidade da doença”, detalha a epidemiologista Aline Dayrell, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela explica que comparar a taxa de mortalidade entre diferentes municípios é mais preciso do que comparar a taxa de letalidade em diferentes locais, já que a subnotificação de casos em cada região é diferente, enquanto as mortes tenderiam a ser registradas com mais precisão.
Entre as cidades mais populosas das macrorregiões Leste e Vale do Aço, apenas Governador Valadares e Timóteo têm uma taxa de letalidade da doença superior à da média do Estado. Em geral, 2,45% dos pacientes com confirmação de Covid-19 em Minas morrem, percentual que aumenta para 3,27% em Governador Valadares e 3,35% em Timóteo. São taxas ainda mais altas que a nacional, que chega a 2,84% e ultrapassa a estimativa mundial de letalidade inferior a 1%.
Respostas dos municípios
Os municípios citados na matéria foram procurados pela reportagem e apenas as prefeituras de Santana do Paraíso e de Governador Valadares responderam a tempo da finalização do material. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) foi procurada na manhã do dia 12 de novembro e respondeu que não conseguiria apresentar um posicionamento ou mais informações em menos de 24h.
Com O Tempo