Belo Horizonte e região metropolitana correm o risco de sofrerem uma crise no abastecimento de água por causa do atraso nas obras de captação no Rio Paraopeba, afetado pela lama da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho há quase dois anos. É o que aponta o relatório final da Comissão Especial de Estudo – Abastecimento Hídrico, da Câmara Municipal a capital.
Na última sexta-feira (11), a mineradora havia dito que a previsão é que a nova estação seja entregue em fevereiro do ano que vem, cinco meses após o acordado em termo assinado com o Ministério Público.
As obras estavam previstas para serem concluídas em setembro. A nova captação começou a ser construída em outubro do ano passado, após termo de compromisso assinado pela mineradora e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
O antigo sistema de captação do Rio Paraopeba foi construído pelo governo de Minas em 2015 para minimizar os impactos da crise hídrica. Mas, com o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, em janeiro do ano passado, essa captação precisou ser suspensa, já que o rio foi atingido pelos rejeitos.
A preocupação era que, sem a captação de água do rio, houvesse desabastecimento de água em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Por isso, a Vale teve que construir o novo sistema, que fica 12 km acima da estrutura com captação suspensa, onde o rio não recebeu lama.
O documento, apresentado nesta quarta-feira (16), diz que “a cidade permanece em risco, dependemos das chuvas e podemos sofrer racionamentos e falta de abastecimento hídrico em Belo Horizonte e região metropolitana”.
Ainda segundo a comissão, houve respostas “inócuas e lacônicas dos órgãos públicos” sobre o assunto. O relatório será encaminhado à Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais. A Câmara Municipal pede ao órgão que a mantenha informada sobre o andamento das obras.
O Ministério Público e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), não se manifestaram.
Sobre o atraso nas obras, a Vale disse em nota que “em decorrência de fatores externos, alheios à vontade e controle da Vale, houve necessidade de adequação dos prazos. Dentre os fatores impeditivos, incluem-se restrições de segurança impostas pela pandemia da Covid-19, medidas restritivas decretadas pelo poder público municipal e outros órgãos públicos, demora na obtenção de autorização judicial para ingresso nas áreas necessárias à implantação do projeto e a ocorrência de intensas chuvas na região entre dezembro de 2019 a março de 2020, muito acima da média prevista para o período”.
Nível dos reservatórios
O reservatório Rio Manso, que recebia a água bombeada do rio Paraopeba, estava com 74,2% até esta quarta-feira (16). Em outubro do ano passado, nove meses depois do rompimento, ele estava com 44,4% da capacidade.
Já o reservatório Vargem das Flores estava com 70,6%, nesta quarta. No ano passado, também em outubro, a capacidade estava em 49%.
O Serra Azul, que ficou em situação mais crítica durante a crise hídrica, se recuperou e estava com volume em 82,7% até esta quarta-feira. Em outubro do ano passado, o reservatório estava com 49,8%.
O sistema
O Sistema Paraopeba é responsável pelo abastecimento de 2,3 milhões de pessoas da Região Metropolitana de Belo Horizonte e abrange Betim, Brumadinho, Contagem, Esmeraldas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sarzedo, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa e parte de Vespasiano. Em BH, o sistema atende cerca de 25% da população da cidade.
Com Portal G1