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Belo Horizonte recebe mais de 400 mil doses que deveriam ser distribuídas para outros municípios, segundo jornal

Enquanto alguns municípios avançam no plano de imunização contra a Covid-19 e pessoas com mais de 59 anos já começam a receber as doses, outros nem sequer conseguiram terminar a vacinação dos grupos com comorbidades por falta de insumos. Essa é uma situação vivida por cidades como Moeda, na região Central de Minas Gerais, que tem quase 5.000 habitantes. A menos de 60 km, a capital mineira já disponibiliza doses para trabalhadores do transporte público.

Foto ilustrativa/Reprodução: InternetFoto ilustrativa/Reprodução: Internet

Em maio, matéria publicada pelo jornal O TEMPO já chamava atenção para a desigualdade na distribuição das vacinas para as cidades mineiras. Para ilustrar esse panorama, quando apenas o critério populacional é levado em conta, só Belo Horizonte recebeu mais de 400 mil doses que deveriam ter sido encaminhadas para outras localidades. Já cidades como Betim, Ribeirão das Neves, Contagem (as três na região metropolitana) e Uberlândia (Triângulo Mineiro) perderam, juntas, pelo menos 259 mil imunizantes.

Essa iniquidade mostrada em levantamento da Secretaria Municipal de Saúde de Betim já causa revolta aos gestores das regiões metropolitana e Central de Minas. Enquanto os secretários se rebelam contra a forma injusta de distribuição de vacinas, o secretário da capital, Jackson Machado Pinto, mantém silêncio, e a prefeitura da capital tenta capitalizar com a distribuição desigual – uma campanha publicitária do município confirma o motivo de insatisfação geral, demonstrando, através de gráficos com as médias de vacinação de Belo Horizonte, Minas e Brasil, que a capital é a cidade que mais vacinou no país.

Após a reportagem no último mês, o tema chegou a ser discutido na CPI dos Fura-Filas, que investiga na Assembleia Legislativa de Minas supostas irregularidades no processo de vacinação no Estado. Convidado pelos parlamentares para uma das sessões, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD), denunciou a situação e afirmou não haver “transparência” do governo estadual na distribuição das doses.

‘Privilegiados’

Para a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), a capital mineira e outras cidades-polo, como Juiz de Fora, na Zona da Mata, têm sido privilegiadas durante a distribuição das vacinas contra a doença. “É importante que a população saiba que, assim que as vacinas chegam, o município inicia a vacinação. Mas a distribuição para os municípios tem sido desigual em detrimento de cidades como Contagem e Betim. Estamos questionando isso, por meio de documento da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de BH (Granbel) e da Associação Mineira dos Municípios (AMM), e já solicitamos a alteração dos critérios ao secretário de Estado de Saúde”, disse.

O deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo), que chegou a criticar a reportagem na Assembleia, voltou a declarar que só o contingente populacional não deve ser levado em conta nas estatísticas sobre a distribuição das doses. Segundo o parlamentar, os critérios – como, por exemplo, a quantidade de pessoas de determinado grupo prioritário, como idosos com mais de 60 anos ou trabalhadores das forças de segurança – são definidos pelo Ministério da Saúde.

Para Cunha, o estudo só gera mais desinformação. “Ao Estado compete a logística da vacina, e o Ministério da Saúde é quem define o repasse. No caso de uma pessoa com mais de 50 anos, não tem que olhar a população total para definir essa distribuição, mas sim qual a população nessa faixa etária”, declarou.

Estado diz não ter autonomia para mudar

Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) declarou que a distribuição de vacinas contra a Covid-19 em Minas Gerais segue o quantitativo definido pelo Ministério da Saúde para cada município.

Segundo a secretaria estadual, o governo não tem “autonomia para distribuir aos municípios um quantitativo menor daquele determinado pelo Ministério da Saúde”.

Por fim, a secretaria lembra que o cálculo de doses é realizado através de dados oficiais, como campanhas contra influenza de anos anteriores, CadSUAS, censo do IBGE, entre outros.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte declarou que não decide sobre o quantitativo a ser repassado e que a responsabilidade do município é de aplicar as doses.

Com O Tempo



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