“Crescendo e vendo que posso passar para uma criança, do mesmo lugar de onde eu moro, que ela pode conquistar algo muito melhor para a vida dela, conquistar o mundo, é uma sensação muito boa”. A avaliação é da modelo Karina Almeida, de 23 anos, que cresceu no Morro das Pedras, na Região Oeste de Belo Horizonte, e ganhou as passarelas de Milão, na Itália.
De volta ao Brasil, ela continua trabalhando, mas tem um propósito diferente. Agora, ela quer proporcionar para outras crianças carentes a mesma oportunidade que ela teve aos 15 anos. Trabalhar como modelo.
Um projeto em que ela participa vai levar as aulas de passarela para as comunidades da capital mineira. O primeiro destino já está certo: o Alto Vera Cruz, na Região Leste. Inicialmente previsto para o fim de agosto, o evento foi remarcado para o mês de setembro a pedido da própria comunidade. A data ainda será definida.
“A gente trabalha com todos os perfis. Plus, sênior, infantil… quando é com criança, tento envolvê-la em uma brincadeira. Criança é mais tímida, mais desconfiada. A brincadeira ajuda a ficar mais à vontade”, descreve.
Karina também conta que o projeto não se resume às aulas de passarela, mas também de desenvolvimento pessoal e um curso de imagem, entre outras modalidades.
A modelo defende que essa iniciativa pode ajudar centenas de famílias a terem uma chance de descobrir talentos e mudar a realidade mais próxima delas.
“Aqui onde eu moro, a brincadeira principal das crianças é ‘polícia e ladrão’. Você não vê outras brincadeiras. Vejo meninos fazendo armas de brinquedo, usando camisa na cabeça, imitando bandido, fingindo morte. Porque elas convivem com isso”, relatou.
Carreira
Ganhar as passarelas nunca foi um objetivo da Karina. Aos 13 anos, era aluna de um projeto social que oferecia aulas de balé, muay thai e boxe.
“Nunca me vi modelo, não era meu sonho. Eu não tinha muita vaidade. Também fui criada com a minha avó, que não apoiava muito”, contou.
Foi por muita insistência de uma professora de balé que ela decidiu ceder e tentar uma chance nas agências de Belo Horizonte. Quando Karina completou 15 anos, conseguiu uma vaga e passou a fazer o curso de modelo. Os trabalhos que apareceram cobriram os custos.
Foi só completar a maioridade que a passarela do mundo se abriu. A primeira viagem de avião foi para fora do país, cenário que despertou insegurança.
“Pensei em desistir muitas vezes. Normalmente, modelo costuma postar só o glamour nas redes sociais. Por trás disso, tem a pressão das agências, a disputa entre modelos”, revelou.
Mas Milão tinha grandes planos para a mineira. Ela venceu o medo e desfilou para grandes grifes, como Tommy Hilfiger e para o estilista Phillip Plein.
“Tenho uma experiência incrível. Acredito muito que Deus tem um plano maior na minha vida. Hoje, conquistei coisas bem maiores. Sempre deixo meus planos nas mãos Dele”, finalizou.
Com G1