A Polícia Civil concedeu entrevista coletiva no início da tarde desta sexta-feira (08) no 7º Departamento de Policia Civil com a presença dos delegados, dos médicos legistas e do perito para apresentar o laudo pericial sobre o caso da morte do segurança Edson Carlos Ribeiro, que sofreu agressão do Pedro Lacerda em uma festa no Parque de Exposições em Divinópolis no dia 24/09.
Depois de mais de 10 dias de diligências com cerca de 20 testemunhas sendo ouvidas, os peritos do Instituto Médico Legal (IML) da PCMG após análise técnica concluíram que a morte do segurança Edson Carlos se deu em consequência de um mal súbito do coração, que de acordo com a perícia pode ter sido ou não em consequência da agressão de Pedro Lacerda.
Abertura da coletiva
O Delegado Flávio Destro abriu a coletiva com a sustentação de posicionamento da PCMG a respeito da condição de tratamento equivalente das vítimas e autores, independente das classes sociais, etnia, gênero, mobilização popular e quaisquer outros fatores. Flávio ressaltou que o papel do órgão não é condenar e nem julgar, mas sim apresentar os laudos e o inquérito ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o qual junto ao Ministério Público (que oferecerá a denúncia) são quem vão decidir o desfecho do caso.
Ainda conforme destacou o delegado, a discussão não pode ser de cunho pessoal e que ataques às autoridades ou mesmo disseminação de rumores maliciosos na internet também se configuram crime.
Exame dos legistas
O médico-legista Marcell de Barros Duarte Pereira continuou a a explicação sobre a causa da morte e fez uma análise mais aprofundada do quadro clínico do Edson. De acordo com Marcell, foi dado uma atenção especial a parte de pescoço e do crânio, mas não foram encontradas lesões na traquéia como havia sido especulado e noticiado anteriormente pela mídia. Os ferimentos no entanto foram internos na parte frontal da face na altura da sobrancelha direita, parte posterior do crânio e sem feridas na pele. Segundo o médico, o dano mais importante só foi identificada após o auxílio do reflexo de uma luz especial.
Marcell relatou que depois de abrirem o tórax do corpo de Edson e retirarem o coração, verificaram que o órgão estava bem maior do que deveria estar e possuía dilatação no ventrículo esquerdo, o que, segundo o legista pode ter sido ocasionado devido a um mal súbito cardíaca acarretado pela situação a qual o segurança estava. O diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica foi apurado e checado pelo Instituto André Roquete, em Belo Horizonte. O médico reforçou que não havia lesões internas no crânio e nem no cérebro do paciente.
“Achismo não faz parte da Polícia Civil”, declara delegado
O delegado Marcelo Nunes, quem conduziu o inquérito policial e titular da Delegacia de Homicídio de início declarou que a PCMG não trabalha com achismo e que evitou emitir opiniões enquanto as investigações estavam em curso. Ele então reprisou a versão inicial da ratificação do boletim, o qual chegou como agressão corporal seguido de morte e que o o golpe na vítima teria sido com o uso de um soco inglês. No entanto, após dar andamento nas diligências e ter ouvido 20 testemunhas, apenas em uma oitiva, um segurança que também trabalhava no evento relatou ter visto a arma branca. Marcelo não constatou nas diligências a utilização do soco inglês e depôs a imprensa que é normal que no calor do momento as testemunhas possam ter se estressado e confundido. O delegado ressaltou que o que ouviu dos depoentes foi que ele estaria segurando uma bolsa e teria passado um celular para a namorada e pedido a mesma para que ela contatasse sua irmã, avisando do que estava se passando.
O delegado revelou na coletiva que depois de consultar os legistas constatou ainda que a vítima (Edson) era cardíaco e que fazia uso de medicamentos há pelo menos quatro anos. E que familiares do segurança também sofriam de problemas de coração – inclusive a mãe do vitimado. Marcelo afirmou que conversou com a esposa de Edson. Ela disse ao delegado que era casada com o segurança tinha 14 anos e que o conhecia há 25, mas não sabia da condição de saúde dele.
Marcelo também frisou que no entender dele seria “forçar demais” que houve homicídio, mas que o entendimento dele não quer dizer nada, pois, como destacou, quem irá definir isso é o titular da ação penal, o Ministério Público (MP), com as provas entregues ao órgão. “O MP pode solicitar outro inquérito com a colhida de novos elementos e assim o caso seguir ou não como agressão corporal seguida de morte. Pode dar curso como lesão leve a a pena na sentença ser mais branda. No entanto é cedo para saber a definição.”, afirmou.
Experiência pericial demonstra e descarta o uso do soco inglês
O perito da Polícia Civil, Carlos Eduardo Leal preparou uma apresentação (confira ano vídeo ao final da reportagem) a qual fez o experimento técnico de um golpe dado com um soco sem o uso da arma branca e depois o mesmo soco com o soco inglês. Conforme demonstrou, os danos além de serem significamente maiores causam um impacto de até 7,5 vezes mais força, o que não bateu com o laudo repassado pela perícia policial.
Como fica a situação do Pedro Lacerda
Em razão dos fatos primários, Pedro Lacerda teve a prisão preventiva decretada pelo juiz da 2ª Vara Criminal, Mauro Riuji Yamane, um dia após o ocorrido, após uma audiência de custódia no Fórum de Divinópolis. O autor da agressão foi encaminhado ao Presídio Floramar, onde ainda se encontra.
Com a reviravolta no caso, o advogado de Pedro, William Gomes Melo solicitou a revisão da decisão na Justiça e pede a soltura do cliente, mas ainda aguarda o parecer do judiciário. O encaminhamento da denúncia e a sequência dos trâmites penais seguem a correr. Segundo os delegados, não está descartada a hipótese de denúncia por agressão leve, o que pode deixar a pena mais leve. O Divinews continua a acompanhar.
Da Redação com Divinews