Uma notícia falsa vem causando prejuízos e medo em um dono de uma lanchonete de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Após publicar um vídeo em suas redes sociais desossando cordeiros durante um trabalho que fez como açougueiro na véspera do Natal, ele acabou sendo acusado falsamente de vender hambúrgueres de carne de cachorro, perdendo clientes e chegando a ser ameaçado nas redes sociais.
A reportagem conversou na noite de segunda-feira (3) com o dono da Locomotiva Lanches, Igor Luciano Alves, de 36 anos. Ele contou que o vídeo publicado por ele foi editado e compartilhado juntamente com um áudio, que dizia que se trataria de carne de cachorro, além fotos de seu rosto e da fachada de sua lanchonete.
“Tem três anos que temos a lanchonete e estava indo tudo bem, tínhamos vários clientes fieis. Mas eu trabalhei a vida inteira em açougue e agora no fim do ano recebi convite para desossar alguns carneiros para uma pessoa conhecida. Postei o vídeo em minhas redes sociais e recebi apenas mensagens positivas, de pessoas elogiando por eu ser trabalhador”, detalhou.
O vídeo, de mais de 3 minutos, foi publicado entre os dias 22 e 23 de dezembro e, cerca de três dias depois, começaram a circular as mensagens com a desinformação. “Estava em BH para passar o fim de ano quando recebi as mensagens de amigos avisando do que estava circulando. Recebi notícias de gente em São Paulo que recebeu de pessoas de lá, até lá em Portugal a notícia falsa chegou”, lembra Alves.
Rapidamente a mensagem se espalhou, e pessoas passaram a dizer que ele seria um “monstro”, que deveria “apodrecer na cadeia” e, inclusive, com alguns perfis chegando a pedir o endereço dele ou da lanchonete para “invadir e tacar fogo”.
“As pessoas olham para a gente com cara ruim na rua. Meus meninos sofreram bullying dos colegas de escola, eles até adoeceram. Como sou uma pessoa muito certa, fui até o meu patrão, que gravou um vídeo esclarecendo que o vídeo se tratava de desossa de carneiros, e não cachorros, mas o estrago já está feito”, conta o dono da lanchonete.
Autores seriam conhecidos da vítima
Assustado com a proporção que as coisas tomaram, Alves então procurou um advogado, que registrou um Boletim de Ocorrência. “Eu reconheci pelas vozes, eram pessoas conhecidas. Eu era cliente da borracharia da pessoa que gravou o áudio, e o outro eu já até joguei bola. Estou até agora tentando entender o que levou eles a fazer uma coisa destas”, lamenta.
O dono da lanchonete conta que chegou a ter medo de sair na rua. “Mesmo com tudo para tentar desmentir, continua os olhares das pessoas, as brincadeiras. A minha imagem está exposta, colocaram a minha foto. Tem hora que eu tenho medo de sair na rua, quando vejo viatura peço para ficarem próximo da lanchonete”, continua Alves.
Depois da fake news, a Prefeitura de Pedro Leopoldo chegou a fiscalizar a lanchonete. A reportagem teve acesso ao Termo de Liberação da Vigilância Sanitária do Município, assinado no dia 28 de dezembro de 2021.
Da Redação com OTempo