O fenômeno que provocou as chuvas intensas em Minas Gerais nesse final de semana, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), é o mesmo que também impulsionou as chuvas que levaram a destruição em Belo Horizonte em janeiro de 2020 e aos alagamentos no Sul da Bahia no final de 2021. A tendência, para os próximos dias, é que ele se desconfigure e as chuvas em Minas sejam menos intensas.
“A ZCAS ocorre quando se estabeleceu um fluxo de umidade da região amazônica, prolongado-se até o Oceano Atlântico. Em alguns anos, ela tem recorrência maior, em outros, menor”, explica a meteorologista do Inmet Anete Fernandes. Neste ano, por exemplo, ocorre o fenômeno La Niña, a diminuição da temperatura da superfície de parte do Oceano Pacífico que interfere nos padrões de temperatura e de chuvas do Brasil. Neste cenário, a frequência de ZCAS e, consequentemente, de chuvas mais volumosas no verão, tende a aumentar.
Até esta quarta-feira (11), ela deve se desconfigurar e o Estado ainda pode passar por chuvas intensas, mas devido às instabilidades comuns do verão, sem previsão de um final de semana com volumes tão expressivos novamente. “A ZCAS pode ocorrer em fevereiro e março, mas é menos frequente”, continua a meteorologista.
A intensidade das chuvas combinadas à ZCAS, neste ano, deve-se à maior circulação de ventos e bloqueio atmosférico, levando a umidade da zona à região Central de Minas. Já as chuvas que desabaram em BH no final de janeiro de 2020 foram uma combinação entre a ZCAS e a formação de um ciclone subtropical no litoral do Sudeste.
As chuvas catastróficas na Bahia também foram impulsionadas pela ZCAS, porém Fernandes explica que a zona não “desceu” do Estado nordestino para Minas. “É o mesmo fenômeno, porque temos várias ZCAS entre primavera e verão”, conclui.
Com O Tempo