Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que a terceira semana de abril foi a mais branda em número de casos de covid neste ano, com média de 450 por dia. Porém, a média desta última semana chegou a 1851.
Este número se equipara ao início de abril, bem abaixo dos momentos mais intensos da pandemia. Mas porquê em vez de cair ainda mais, a quantidade de infectados voltou a subir? Quem responde é o infectologista e professor da UFMG, Unaí Tupinambás.
“É uma conjunção de fatores. A imunidade da vacina reduziu um pouco. Final de mês de maio, inverno, e as pessoas ficam em lugares mais fechados, pouco ventilados, sem máscara. Além disso, também a sub variante dois da Ômicron que está causando esse novo aumento de casos”, explica.
Levantamento feito pela Itatiaia mostra que não houve grande alteração no número de mortes de um mês pra cá. A média variou entre cinco e onze por dia. Diante disso, Unaí analisou o atual cenário da pandemia no estado.
“Está acontecendo um aumento de casos em Belo Horizonte, Minas Gerais e alguns estados do Brasil. Há um aumento de procura com síndrome gripal, tanto no SUS, quanto na saúde suplementar, é um quadro que nos preocupa por conta do inverno e também pela flexibilização do uso de máscaras. Felizmente não está acompanhando um aumento da letalidade. Há um número de óbitos que ainda nos preocupa, mas felizmente descolou do número de muito por conta da ampla vacinação”, ressalta.
De acordo com o infectologista, há uma demanda muito grande de síndrome gripal entre as crianças, mas não é possível saber se se trata do vírus SARS-CoV-2 ou um vírus respiratório sincicial. A taxa de positividade em algumas unidades saiu de 3% para quase 22%. Os casos mais graves ainda são entre as pessoas acima de 60 anos de idade que não têm a terceira ou quarta dose.
“Nos preocupa esse cenário porque esse é um inverno mais rigoroso até meados de agosto, com temperaturas mais baixas, então isso reforça a importância de atualizar o calendário vacinal e manter o uso de máscara em locais fechados”, explica.
Ao ser perguntado sobre os cuidados das pessoas com comorbidades com relação ao coronavírus, Unaí responde.
“Essas pessoas vão ter que ter um cuidado extra. Nós vamos observar como vai ser o comportamento dessas novas variantes daqui pra frente e quem sabe podemos ter uma nova geração de vacinas que possa proteger contra todas as variantes futuras”, salienta.
Aumento de casos em crianças
A subsecretária de vigilância em saúde de Minas, Érica Vieira Santos, chama atenção para os casos de internação por covid de crianças que fazem parte do grupo menos vacinado contra a doença.
“A proporção de internações em crianças tem aumentado nas últimas semanas, mas com valores absolutos relativamente baixos. Também consideramos o período sazonal, estamos no período mais frio, que crianças e idosos costumam adoecer mais nesse período por doenças respiratórias no geral. Aparentemente os casos têm sido mais leves, muito provavelmente em decorrência da vacinação”, avalia.
No estado apenas 35% das crianças de 5 a 11 anos tomaram duas doses contra a covid. Entre os adultos tomaram três doses 57% por cento do público alvo.
Com Itatiaia